quinta-feira, 23 de junho de 2011

Selecções perdidas do Mundo - Suriname

Falar do Suriname, em termos de futebol, é falar de uma jovem nação que não tira proveito do glorioso talento dos seus filhos e netos! Independente desde 1975, como as antigas colónias portuguesas de África, este enclave sul-americano ocupado pelos holandeses entre os séculos XVII e XVIII sofreu bastante com o movimento independentista que levou um quarto da população a dirigir-se para a metrópole, com receio do futuro num território muito dependente da produção agrícola, ainda abraçado por uma faixa amazónica, e cuja participação na vida política sul-americana é quase inexistente, tal como as suas guianas irmãs, a francesa e a inglesa!


Com este enorme êxodo populacional para a Holanda, começaram a emergir nos subúrbios de Amsterdão e Roterdão as novas estrelas do futebol holandês, que deram um novo vigor a uma selecção já tradicionalmente técnica e de toque de bola imensamente apelativo. Falar da Holanda de 1988, do título europeu conquistado, é mencionar o trio maravilha que rumou posteriormente ao AC Milan, Marco van Basten e os dois surinameses de ascendência, nascidos nos arredores de Roterdão, Frank Rijkaard, e Amsterdão, Ruud Gullit, no que foi o início do futebol mais exótico protagonizado pela Holanda.

Mais fundamentais estiveram os originários do território sul-americano na fabulosa conquista da Liga dos Campeões por parte do Ajax em 1995, frente ao na altura poderoso AC Milan de Fabio Cappello. Louis van Gaal pegou na 'cantera' ajaxiana para criar uma equipa que jogava de uma forma sublime, com um jovem van der Sar na baliza e os miúdos dos 'guetos', nascidos ou de origem surinamesa, Edgar Davids, Clarence Seedorf, Michael Reiziger, Winston Bogarde, Patrik Kluivert, apoiados no regressado Frank Rijkaard, que, em conjunto com os gémeos de Boer, Danny Blind, o finlandês Litmanen, Nwankwo Kanu e dois extremos fabulosos, o rapidíssimo Finidi e um dos melhores jogadores da sua geração, Marc Overmars!


A fuga da população aquando da independência levou a que, no Suriname, 'se fechasse a porta' aos profissionais do jogo, notando-se que, apesar de defenderem as cores da 'Oranje' boa parte dos atletas que vêm do Suriname dizem-se surinameses convictos, numa semelhança que podemos encontrar com Rolando ou Nélson, da selecção portuguesa, mas cabo-verdianos com orgulho, ou seja, percebe-se a importância das raízes no coração dessas pessoas!

Assim, além de uma liga amadora, mal-organizada e medíocre, o Suriname não dispõem de uma selecção que rivalize, sequer, com os parceiros da Concacaf, com quem disputa as eliminatórias de acesso às grandes competições, quando o faz! Apesar de pertencer à zona de influência do Conmebol, a sua integração foi realizada na confederação centro e norte-americana, para competir com selecções de valor mais próximo, como as que povoam as Caraíbas.

Independentemente disso, é um exercício engraçado observar o que esta equipa nacional poderia ser. Uma selecção forte e que disputaria as eliminatórias ao milímetro com os parceiros Concacaf ou Conmebol, senão vejamos:


Todos os presentes no onze e 17 dos 18 já foram internacionais pela Holanda, notando-se que boa parte ainda o é dada a juventude de alguns elementos! Com a adaptação de Engelaar ao centro da defesa, observa-se uma linha de rectaguarda bastante forte, com de Jong no centro do terreno a apoiar as transições de Clarence Seedorf e Emanuelson, para uma linha ofensiva composta por Lens, Elia e Babel, deixando no banco valores como Drenthe, Biseswar ou Castelen, já para não mencionar as dezenas de descendentes de surinameses que povoam as ligas holandesas de futebol, como Maceo Rigters, a família Seedorf ou Hedwiges Maduro!

Refira-se que vários dos jogadores acima posicionados nasceram ainda em Paramaribo, capital do Suriname, como são os casos de Tiendalli, Braafheid ou Seedorf, numa selecção que pintaria de exótico e mais atraente ainda o mapa do mundo do futebol, ou não tivesse na baliza um nome com tanta história na pintura, como é Vermeer!

Mas nem tudo são rosas, a divisão do balneário holandês tem sido uma realidade desde a altura em que as jovens estrelas originárias do Suriname começaram a povoar a selecção, mesmo com o título de 1988, sempre se falou de brancos e negros dentro do balneário, disfarçado inicialmente com supostas tensões entre jogadores do PSV e do Ajax, mas que mais tarde se veio a comprovar ter razões rácicas, como o referiram já alguns dos antigos internacionais holandeses com raízes na América do Sul. Espera-se que, com a situação a correr todos os escalões, com o enorme sucesso obtido e com o acréscimo de qualidade nas selecções dos Países Baixos, a situação se dissipe, como é obrigatório numa sociedade globalizada! 

Das estrelas do passado, podemos perfeitamente mencionar ainda Stanley Menzo, Marciano Vink, Aron Winter, Pierre van Hooijdonk, Mario Melchiot ou Jimmy Floyd Hasselbaink, todos eles internacionais absolutos pela Holanda e figuras de destaque no futebol europeu!


Eu confesso que gostava de ver o Suriname com a melhor selecção possível, vocês não?

1 comentário:

Jaime C. Alexandre disse...

Caro, tinha ideia de alguns jogadores surinameses, mas não tinha ideia que seriam tantos. Seria uma selecção fortíssima, que provavelmente faria frente de forma equilibrada às outras equipas da zona, talvez até sobrepondo-se.