Ao pensarmos em futebol no nosso cantinho europeu, é quase inevitável vir-nos à memória Luís Freitas Lobo, alguém que respira futebol, sem ligações cinzentas, sem o ar de superioridade e douto conhecimento supremo, simplesmente um profundo conhecedor, um amante do jogo, que vive, sonha e partilha o saber que vem adquirindo desde há tempos!
Ouvi-lo a falar é ganhar o gosto pelo jogo do povo, é aprender sobre a essência do futebol, é conhecer elementos perdidos, talentos idos ou jovens a chegar! Naturalmente, não partilho de alguns dos seus pontos de vista, na abordagem ao jogo, mas admiro-o e nem teria piada concordar com todos os seus argumentos e suas visões!
Quando passámos pela escola, pela Universidade, ficam-nos na retina e na memória os docentes que nos fazem querer saber mais, que nos aguçam a curiosidade, que nos fazem aprender, comprender e apreender, que nos guiam na busca das respostas e nos ajudam a colocar mais questões... e respondê-las! No meu caso, entre outros, ficou-me como referência Ricardo Jorge Pinto, comentador RTPN e jornalista do Expresso! Luís Freitas Lobo está para o futebol desta forma, por isso é apenas normal constituir-se como pilar quando se aborda a teoria, os aspectos técnico-tácticos e a avaliação de jogadores!
Apesar da sua formação em Direito, Luís Freitas Lobo nunca conseguiu abandonar a paixão pelo futebol, amor que lhe foi incutido desde o berço, ou não tivesse sido o seu avô, Celestino Lobo, um dos fundadores do Sporting Clube Braga, ilustre minhoto, referência em vários locais, honrado com ruas e até um campo de futebol, do Dumiense Futebol Clube, para o qual contribuiu decisivamente!
Creio que quase todos os amantes do jogo lusos conhecem 'O Planeta do Futebol', o site, o livro, as crónicas de Luís Freitas Lobo no diário desportivo A Bola, mas a sugestão de leitura que deixo é o seu primeiro livro, editado em 2002 pela Bertrand, "Os Magos do Futebol", onde percorre os trilhos do jogo, desde o primeiro grande negro do jogo, Andrade do Uruguai dos anos 20 e 30 e esta primeira grande selecção, até Zico, passando pelos grandes precursores do jogo, como Hugo Meisl, Herbert Chapman, Vittorio Pozzo, Karl Rappan ou Sepp Herberger, na abordagem à evolução táctica!
Aqui ficamos a conhecer melhor, para quem não o sabia, a Aranycsapat ou a equipa de ouro, que abrilhantou e maravilhou os estádios europeus de futebol no período pós segunda guerra mundial! Não deixa de tocar o Brasil até aos anos 70, no capítulo sete, e a Argentina no capítulo onze! Também abordar as outras grandes selecções do mundo, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Itália, França, Espanha, Portugal, fixando também um olhar em África!
A nível de escrita não está tão aprimorado como 'O Planeta do Futebol', que bebe bastante deste livro, mas dá um prazer imenso a sua leitura. Creio que o li em três dias, quando o comprei, tal foi a avidez em perceber o que se seguia a cada capítulo e tal é escorreita a escrita!
Para quem ama o futebol, aconselho mesmo a leitura! Por vezes, tenho conversas com amigos do universo das engenharias, que não gostam de história, não a acham necessária, o que contradigo, pois se somos o que somos à História o devemos e apenas conseguimos evoluir se percebermos de onde vimos, quem somos e para onde vamos!
Também apenas podemos melhor compreender o futebol, as selecções, os mitos, as estrelas, o jogo actual, se conhecermos a sua história!
A ler!
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