quinta-feira, 14 de novembro de 2019

PepsiMax Deildin 2019

A Islândia, pela sua posição geográfica, é sempre o primeiro campeonato europeu a terminar, resumindo-se a 22 jornadas, disputadas entre Maio e Setembro de cada ano.

O grosso dos clubes competidores situa-se na área metropolitana de Reykjavik, seja na própria cidade, seja nos subúrbios, como Gardabaer, Kopavogur, Hafnarfjordur ou Arbaer, sem representantes do leste do arquipélago e somente um do norte, o KA de Akureyri, a perder em 2019 o 'ilhéu', o IBV de Vestmannaeyjar, capital de um pequeno grupo de ilhas a sul de Reykjavik e que teve durante parte da temporada técnico luso, Pedro Hipólito, e um naipe de futebolistas portugueses, dos que se destacou Telmo Castanheira, mas onde estavam igualmente Rafael Veloso e Diogo Coelho, assim como o luso-guineense Gilson Correia.

Nas imagens dos clubes constam os onze mais utilizados e os restantes, com o nome a vermelho surgem os reforços de 2019, o ano a vermelho indica a data de chegada ao clube, não sendo considerados empréstimos de curta duração. No final estão os onzes do ano para a federação (KSI) e para o sítio fotbolti.is, uma das referências locais, estando igualmente um onze e alguns 'suplentes' seleccionados por nós como os talentos mais promissores locais, a alinharem na primeira, existem outros na Inkasso Deildin, segunda, não referenciados aqui. No final encontram-se os valores da presença destes clubes nas redes sociais facebook, instagram e twitter.



KR Reykjavik

Sagrou-se campeão o KR Reykjavik, o maior vencedor do arquipélago árctico, a conquistar o 27º campeonato do seu historial seis anos depois do anterior.
 Depois de ter guiado o clube aos títulos de 2011 e 2013, Runar Kristinsson experimentou a liga norueguesa e a liga belga, regressando ao KR em 2017 para retomar os trilhos de sucesso, a obter o terceiro ceptro ao leme do clube.

A equipa passeou na liga e terminou com 14 pontos de avanço sobre o vice-titular de 2019. Terminou como a melhor defesa, porém não conseguiu ser o melhor ataque, obtendo menos um golo que o Breidablik, curiosamente adversário da ronda final, batido por 2-1.

Mantendo a base do plantel, Kristinsson foi buscar Arnthor Ingi Kristinsson ao vizinho Vikingur para reforçar o miolo defensivo e o dianteiro dinamarquês Tobias Thomsen ao rival Valur, chegando no mercado de Verão Kristjan Floki Finnbogason, formado no FH, 24 anos, de volta ao arquipélago após passagens por Noruega e Suécia, com um contributo interessante para a conquista.

O veterano Palmi Rafn Palmason mostrou que continua em grande forma, aos 35 anos, e Óskar Orn Hauksson esteve brilhante. Dois nomes de 35 anos que teimam em provar que a qualidade não tem idade. A nova geração islandesa fez história no país, contudo potenciou os mais velhos a se aprimorarem e estes são dois exemplos disso mesmo.

Acima uma selecção dos melhores golos da equipa campeã em 2019.

Breidablik

A perda da possibilidade do título e a confortabilidade do 2º lugar viram o Breidablik a não vencer nos três encontros finais, acabando apenas um ponto acima do FH, porém sem ter a vice-liderança em causa.


Cerca de metade dos futebolistas utilizados foram formados no clube, seis dos quais entre os onze mais. A saída de Thordarson para a Bélgica acabou por se revelar difícil de debruar dentro do plantel, o jovem médio marcava claramente o passo da equipa. O dinamarquês Mikkelsen revelou-se como goleador no arquipélago, somou 18 golos em todas as provas, apesar de ter ficado atrás do inglês Gary Martin - que obteve pela terceira ocasião o título de melhor marcador - na lista circunscrita à PepsiMax Deildin 2019.

Gunnlaugsson, cedido pelos suecos do Halmstads, formado no Breidablik, foi para nós a estrela da equipa. Outro jovem cedido por um emblema sueco foi o lateral direito Alfons Sampsted, emprestado pelo IFK Norrkoping.

Aos 44 anos (!!!) Gunnleifsson permanece dono e senhor das redes da equipa.

Além de Kolbein Thordarson, Willumsson e o lateral esquerdo Ingvarsson são dois talentos a seguir com muita atenção.

Canal YouTube do Breidablik

Agust Thor Gylfason escalou no futebol islandês, começou pelo Bjorninn, ajudou o Fjolnir a ascender na pirâmide e em 2018 tomou as rédeas do Breidablik, campeão unicamente em 2010, sendo certo que deixa o comando da equipa no final deste ano. Fica a curiosidade sobre o próximo passo.

FH Hafnarfjordur

O maior clube islandês do século XXI, oito vezes campeão entre 2004 e 2016, já alvo da FIFA Tv precisamente por essa ascensão, é orientado por Olafur Helgi Kristjansson, antigo defesa do clube, antigo internacional islandês nos anos 90, foi o responsável pelo único título do Breidablik, em 2010, depois de em 2009 já ter dado a primeira taça ao clube. O seu trabalho chamou a atenção dinamarquesa, onde já havia jogado e realizou a transição - adjunto no AGF Aarhus, passando pelo Nordsjaelland e pelo Randers antes de retornar à Islândia em 2018 e assumir os de Hafnarfjordur.

O faroês Brandur Olsen foi dos melhores da equipa num plantel com os aspirantes Jonatan Ingi Jonsson, Thorir Johann Helgason - que promete lutar e crescer para ser dono do miolo islandês na próxima década, ou o guardião Dadi Freyr Arnarsson, a 'roubar' a titularidade a Gunnar Nielsen, dono das redes das Ilhas Faroe.

Bjorn Daniel Sverrison regressou à ilha principal e ao clube depois de cinco anos entre a Noruega (Viking) e a Dinamarca (AGF e Vejle), estando aos 29 anos no ponto certo para liderar a equipa, como se viu. Também será dele a responsabilidade em 'treinar' o jovem Helgason para todas as tarefas do meio-campo e aquilo que o jovem de 20 anos pode alcançar.

Cinco dos mais utilizados na PepsiMax Deildin 2019 foram formados no clube, um traço claro das necessidades de uma liga sem vigor financeiro e poder aquisitivo, a aposta local.

Stjarnan

 Depois da fama, alcançada há uma década, as 'estrelas' de Gardabaer obtiveram os títulos feminino e masculino, este em 2014, juntando-se à galeria de campeões árcticos, 11º emblema a consegui-lo, mas sentem-se saudades - nós, pelo menos - dos extravagantes festejos que tornaram o clube mundialmente famoso.


O clube continua a gerar belos talentos e neste momento o médio equilibrador Alex Thor Hauksson e o desequilibrador Solvi Snaer Gudbjargarson são as duas 'rising stars' da Estrela (Stjarnan) de Gardabaer.



Hilmar Halldorsson, extremo, é a estrela ofensiva da equipa, tendo 18 golos em todas as competições em 2019.

Como facilmente se nota, as equipas não mudaram muito os planteis face à época anterior.

Runar Pall Sigmundsson chegou ao clube em 2014 e sagrou-se logo campeão, o que lhe dá crédito para permanecer, até porque tem sido constante a presença na primeira metade da tabela.

KA Akureyri

Orgulhoso representante do norte, ainda mais gelado, da Islândia, desacompanhado ultimamente do rival Thor, o KA acaba por ser o melhor clube fora da região capital de Reykjavik, fechando 2019 em 5º, fazendo parte do trio apenas uma vez campeão nacional, no caso do KA em 1989.


Floventsson foi o escolhido para assumir a equipa em 2019, nela coabitando jovens talentos como Birnuson na baliza, Bjarnason, Geirsson e Timoteus Gunnarsson na defesa, Hafsteinsson, entretanto a rumar aos suecos do Helsingborgs, Adalsteinsson no miolo, Nokvi e Thori Mar Thorisson ou Olgeirson no ataque, aliados ao poder ofensivo de Elfar Arni Adalsteinsson e de Hallgrimur Mar Steingrimsson, ambos de 29 anos e a somarem em conjunto 28 golos em todas as provas.

O clube soube escolher talentos e formou um plantel interessante, ainda que em renovação, ver-se-á se 2020 será ano de salto e nova disputa pelos lugares europeus.

Valur Reykjavik

Bicampeão em título, a Valur teve uma temporada pouco conseguida, findando a meio da tabela. O bem-sucedido Olafur Johannesson, tricampeão pelo FH em 04, 05 e 06 e bicampeão pelo Valur em 17 e 18 não conseguiu manter a equipa nos índices competitivos necessários e acaba por deixar novamente o Valur em 2019.

Apesar das entradas sonantes, entre as quais o guardião-realizador Hannes Halldorsson, os dinamarqueses Emil Lyng e Lasse Petry, o faroês Bartalsstovu, o experimentado dianteiro Gardar Gunnlaugsson ou o goleador Gary Martin, que a meio da época se mudou para o último posicionado IBV, a verdade é que parece ter faltado massa agregadora, transformar o talento individual e a experiência em qualidade colectiva, muitas vezes notório quando se é campeão e se retira protagonismo a quem tornou o emblema vencedor.


 A chegada destas caras novas retirou igualmente a possibilidade de progressao para alguns jovens do plantel, que mal 'calçaram' em 2019.

A estrela-mor da equipa foi Andri Adolphsson, extremo que chegou ao Valur proveniente do Akranes em 2015. Aos 26 anos é curioso que demore em ser primeira opção, talvez pela intermitência apresentada, mas mostrou em 2019 estar pronto e na idade perfeita para experimentar outra liga e chegar à principal selecção, ele que foi internacional jovem pelo país-arquipélago. Kristinn Freyr Sigurdsson foi outro nome em bom plano na equipa, apesar da temporada menos conseguida.

Vikingur Reykjavik

Os adeptos do Vikingur ansiavam há muito por um titulo. O clube havia sido campeão pela derradeira vez em 1991, o seu quinto campeonato, e a taça da Islândia já não era obtida desde 1971, a única do historial futebolístico masculino do emblema, voltando a celebrar essa conquista em 2019, o que torna a época positiva e vale uma qualificação para as preliminares da Liga Europa 2020/21, sendo que o propósito será certamente bater o tentado nas seis ocasiões anteriores, sempre eliminado na ronda inaugural!




É de relevar ainda mais o bom desempenho olhando aos valores em campo, seis dos onze mais utilizados são bem jovens, de elevado potencial, sendo que também seis são formandos do Vikingur, 111 no total do plantel usado.


Estrela dos anos 90, tendo alinhado na Holanda, França, Inglaterra e Escócia, Arnar Gunnlaugsson voltou aos bancos em 2018, uma década depois de ter orientado o clube da sua cidade-natal e onde se formou, o IA Akranes, para guindar o Vikingur e potenciar os talentos do clube, o que parece estar a conseguir.

Agust Hlynsson, 19 anos, médio, estará já no radar de diversos clubes nórdicos, na Holanda e na Grã-Bretanha, devendo ser uma questão meramente temporal e de escolha acertada até o médio deixar a Islândia e se mudar para uma liga de maior dimensão. Tryggvason aproveitou bem a cedência por parte do seu clube, os noruegueses do Start e Atli Hrafn Andrason é um criativo a explorar.


Fylkir


Outro nome forte da Islândia dos anos 90 e anos 2000 esteve no banco do Fylkir, que trocará para assumir o IBV em 2020, depois de ter orientado o Vikingur em 2016 e 2017, Helgi Sigurdsson, a trabalhar com a prata da casa, como se nota. O grosso dos mais usados é formado no Fylkir, mais uma nota sobre a boa e necessária gestão quando não existem artificialidades a manterem os clubes a funcionar.

Ingimundarson, 20 anos, é um desses promissores talentos locais e foi a 'nossa' estrela para 2019 ao serviço do Fylkir, mais um que deverá em breve experimentar outros campeonatos pois tem qualidade, passe e golo, para tal.

HK Kopavogs



Um dos dois promovidos, o HK teve Brynjar Gunnarsson, outro nome forte da Islãndia nos anos 90 e 00, no banco, a sua estreia como treinador principal após um ano no Stjarnan como adjunto, a conseguir logo uma subida e a manutenção ao leme do HK.

Asgeir Marteirsson (gralha na imagem, é Marteinsson e não Margeirsson) foi o homem-mais da equipa, a assumir o lugar de maestro mas sempre disponível para alinhar nos flancos ou até em posições de maior desgaste defensivo. Tem 25 anos e também nunca saiu da Islândia nem foi chamado a qualquer selecção do país.

A estrela ascendente é Valgeir Valgeirsson, de 17 anos somente e feitos já com a liga terminada, a ganhar protagonismo e a chamar a atenção de 'tubarões' estrangeiros.


IA Akranes

O outro promovido de 2018 foi o Akranes, 18 vezes campeão, a mais recente das quais em 2001, a também obter a tão almejada manutenção, redesenhando-se para tentar voltar aos tempos áureos do passado.


Antiga promessa do futebol islandês, Joey Gudjonsson foi assolado por várias lesões ao longo da carreira, as quais terão também precipitado a retirada, fazendo-o no HK como jogador-treinador. Em 2018 foi contratado pelo IA Akranes para se estrear de facto como treinador principal, um regresso à casa onde se formou. A estreia não podia ser melhor, tal como o antigo colega de selecção Gunnarsson, que lhe sucedeu no HK, curiosamente, ambos a conseguirem o debute no banco com subida de divisão e mantendo os respectivos emblemas na PepsiMax Deildin no ano seguinte.

Bjarki Steinn Bjarkason é um dos jovens lobos do clube a seguir com mais atenção, promete bastante. Thordarson, de 21 anos, já é o dono do miolo da equipa.

UMF Grindavik

Dois anos depois da melhor época de sempre do clube, o Grindavik volta a ser despromovido.


O central croata Josip Zeba foi, ainda assim, um dos melhores na liga, sendo de sublinhar que o Grindavik fechou como a segunda defesa menos batida do campeonato, destruindo o mito transformado em realidade pela sua contínua repetição de que os ataques ganham jogos, mas são as defesas a conquistar campeonatos. Ora, a segunda melhor defesa da competição não bastou para que o clube se mantivesse no máximo escalão!

IBV

A pequena comunidade portuguesa que se interessa pela Diáspora, permanente ou temporária, e por ligas periféricas, estaria certamente expectante sobre o desempenho do clube ainda mais insular da prova, face a ter Pedro Hipólito no banco e um lote de portugueses no plantel, onde se destacou Telmo Castanheira, um dos melhores da equipa apesar do último lugar, a par do goleador Gary Martin, melhor marcador da competição apesar da despromoção da equipa - sendo que dois terços dos seus golos foram obtidos ainda com a camisola do Valur.

A anglofonia da equipa não valeu de nada também.

Os melhores do Ano



As Jovens Estrelas - Ardentes Diamantes Escondidos

Clubes Islandeses nas Redes Sociais


Sem surpresa, é o Stjarnan, apesar da pouca história do clube, a liderar todas as redes sociais na Islândia. As celebrações dos seus jogadores tornaram-se virais e com elas também o clube, que será o mais conhecido do país pelos menos entendidos do jogo, mas mais atentos aos fenómenos 'sociais-virtuais' e aos vídeos que habitualmente captam a atenção da população no mundo.

Curiosamente, o peso do Valur no país é bem menor na realidade virtual. Nota também para os valores apresentados pelo Vikingur, outro clube de menor expressão comparativa face a KR, Valur ou mesmo ao fenómeno futebolístico local no século XXI, o FH.