quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O caminho rumo à Liga dos Campeões

 A edição 2020/21 da Liga dos Campeões masculina iniciou-se antes de se fechar a edição 2019/20. O árduo caminho abriu com o embate entre os campeões de San Marino e da Irlanda do Norte e do Kosovo diante de Andorra.

 


A formação norte-irlandesa do Linfield cumpriu a sua obrigação e bateu o Tre Fiori por 2-0, porém os golos apenas surgiram nos últimos 20 minutos de jogo.


 O Drita venceu o debutante campeão Inter d'Escaldes por 2-1 para avançar para a ronda inaugural da competição. Estes dois desafios são considerados ronda preliminar.


 O Covid-19 teve a primeira actuação na 'final' desta preliminar, com o Linfield a avançar perante a eliminação do Drita por dois casos positivos.

 

O campeão azeri Qarabag abriu a participação com um 4-0 ao titular da Macedónia do Norte, Sileks.


 O Légia Varsóvia venceu o Linfield pela margem mínima, numa exibição pouco convincente.




Impressionante foi a goleada do Dínamo Brest ao Astana, que até partia como favorito para o duelo, 6-3 foi o desfecho deste desafio.


 

Esperar-se-ia que o Celtic seguisse facilmente depois da entrada na prova com um rotundo 6-0 ao campeão islandês KR.


 

Sem surpresa, o Estrela Vermelha ofereceu um 'estalo' ao campeão gibraltino Europa, 5-0 foi o resultado que se esperava.


O campeão arménio foi batido por 0-1 pelos cipriotas do Omónia.



Estalo foi também o resultado final entre Molde e KuPS, a demonstrar a corrente e histórica diferença entre as ligas vizinhas, Noruega e Finlândia.


 

Bem equilibrado foi o duelo de vizinhos entre Flora e Suduva, com o campeão lituano a prevalecer nas grandes penalidades sobre o congénere estónio. 


O surpreendente campeão esloveno, Celje, venceu de forma clara os irlandeses do Dundalk.


Uma das grandes surpresas desta ronda foi a eliminação do Dínamo Tbilisi pelo Tirana, aqui o jogo completo.


O Maccabi Telavive venceu o FC Riga por 2-0 com dois golos de grande penalidade na segunda parte.


O campeão sueco partia confiante para o desafio diante do Ferencvaros, mas os magiares mostraram-se superiores.

 



O histórico Ludogorets, que continua a somar por títulos de campeão as suas participações na máxima divisão búlgara, bateu os montenegrinos do Buducnost Podgorica por 3-1.


 


Os galeses do Connah's Quay perderam com o FK Sarajevo por 0-2, mais um jogo completo para ver aqui.


O Sheriff Tiraspol venceu o Fola Esch por 2-0.

 

 

O CFR Cluj-Napoca foi vencer o Floriana de Malta por 0-2.

 


O KI avançou também por exclusão do campeão eslovaco, Slovan Bratislava, novamente por acção do Covid-19.

Na 2ª ronda preliminar um sempre escaldante encontro entre gregos e turcos, com o PAOK de Abel Ferreira e restante equipa técnica e jogadores a vencer o Besiktas por 3-1.


O Estrela Vermelha foi vencer o Tirana albanês pela margem mínima, conseguindo o mais importante, avançar na competição.


 O AZ necessitou de tempo extra para eliminar os checos do Viktoria Plzen.


 O Qarabag eliminou o Sheriff, 2-1.


O Celje obrigou o Molde a suar para avançar, 1-2.



Num duelo de históricos, o Ferencváros surpreendeu o Celtic FC para avançar na competição. Tem-se falado na Escócia sobre mudanças na liga, mas esta necessita mesmo de alterações, a competitividade dos clubes escoceses internacionalmente continua em queda.


Grande surpresa também na eliminação do Légia Varsóvia pelo Omónia Nicósia

 

Depois da surpresa na Liga Europa há um ano, com o Suduva a bater o Maccabi Telavive, os israelitas não facilitaram desta vez.


O Rapid Viena não teve vida fácil para ultrapassar o Lokomotiva Zagreb, mas venceu com um solitário golo.


Margem mínima foi também o desfecho do encontro entre Ludogorets e Midtjylland, favorável ao campeão dinamarquês.


Muita polémica na vitória do campeão bielorrusso sobre o bósnio, com a formação balcânica a protestar veementemente pela eliminação.


Apenas as grandes penalidades permitiram ao Dínamo Zagreb sobrepor-se ao CFR Cluj-Napoca depois do 2-2 final.


O campeão suíço fez o que lhe competia, 3-1 aos faroeses do KI Klaksvik, que deixaram, contudo, uma boa imagem neste difícil confronto.


 

 

 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Campeões ignorados

 Sem surpresa, o feito de António Félix da Costa, a vitória de Filipe Albuquerque, a melhor prestação de Miguel Oliveira e mais um belo desempenho de João Almeida e de Rui Costa no ciclismo, passam despercebidas nos media portugueses.

Os jornais desportivos continuam a entender como mais relevante a pré-temporada, as possíveis contratações ou novas chegadas, comparativamente com um título mundial numa competição em crescimento e que é um reflexo de mudanças na sociedade, a Fórmula E, eléctrica, espelha a transição que se verifica no mundo automóvel e o feito de António Félix da Costa merecia bem mais do que um rodapé um rodatecto ou uma caixa lateral em primeira página, é A NOTÍCIA do dia, desportivamente falando.

O argumento defendido pelos responsáveis editoriais é o mesmo há décadas. Não vende, não vende, não vende... mas as vendas continuam a cair abruptamente, acima das concorrências internacionais, por isso tal mereceria mais profunda reflexo. 

É verdade que não passa completamente despercebido o título de 'Formiga', mas são Lyanco, Cebolinha ou Marchesín mais relevantes em termos noticiosos e de vendas? Serão mesmo? O orgulho português ignora o sucesso? Seremos assim tão diferentes dos outros países? A resposta é simples, não. Fossem invertidas as escolhas e as vendas seriam superiores, no mínimo seriam idênticas, mas dificilmente tal aconteceria, basta verificar o apoio dos fãs a António Félix da Costa, a competir contra brasileiros, alemães, britânicos, franceses, é sempre o mais votado pelos fãs... não é difícil alcançar uma simples conclusão, há muitos adeptos em Portugal para o 'Formiga', certamente não vence com a família apenas!

 

Mais um triunfo de Filipe Albuquerque no European Le Mans Series também será mero referencial algures nas curtas páginas dedicadas às modalidades e volta a ser muito curioso notar como se coloca a par o 6º lugar de Miguel Oliveira e o título de António Félix da Costa. Faz lembrar aquele domingo, segunda nas bancas, de Setembro de 2013, com o primeiro título português no ATP, por João Sousa, e o título mundial de ciclismo de Rui Costa, os dois feitos notáveis para o desporto nacional, mas distintos no seu impacto e importância internacionais.

Há muitos anos que se observa uma clara incapacidade de interpretação o desporto em termos 'macros' nos media especializados portugueses, nos tradicionais pelo menos. Passa ao lado dos jornais desportivos cada feito no ténis, o que vai acontecendo na NBA, o impacto do ciclismo, mesmo que sejam modalidades bastante procuradas pelos portugueses, ou seja, noticiáveis e de grande relevância mediática. Há uma obsessão enraizada, a 'triclubite aguda' domina as decisões e não passa pela cabeça de nenhum alterar isso, não terminar, simplesmente mexer com as águas, experimentar algo diferente, sem abdicar desse tão importante trio de clubes, mas abrindo os horizontes a outras possibilidades, o que abriria o espaço e o interesse a centenas de milhares, mesmo milhões de portugueses que não têm assim tanta curiosidade pelo possível enésimo reforço, até porque se ela existe já foi alimentada por pesquisas online.

https://www.fiaformulae.com/en/news/2020/august/berlin-round-9-race 

Para que se compreenda a pouca relevância oferecida pelos media portugueses ao tamanho feito de António Félix da Costa, basta ver que nos canais de notícias, SIC Notícias,  TVI24, CMTv e RTP 3, a entrada do desporto, feita esta manhã com... o regresso ao trabalho, à pré-época, do Benfica! Para cada um dos responsáveis do desporto, da informação ou da edição a retoma em pré-temporada de Benfica é mais importante, é mais notícia do que um título mundial português no desporto motorizado, é mais notícia do que a melhor prestação de sempre de Miguel Oliveira, é mais notícia do que o triunfo de Filipe Albuquerque, que nem notícia é.

Já se conhece o constante contra-argumento... nada vende além disso! Mas isto vende mesmo? Nota-se aumento nas vendas e nas receitas publicitárias? E os apoios ao automobilismo e motociclismo? As marcas que se associam aos desportistas portugueses não estariam mais inclinadas a investir se houvesse maior destaque a estes? Sem conotação clubística, apenas com a ligação à vitória, ao sucesso e ao país? Fica para cada um tirar as suas ilações.

Daqui endereçamos mais uma vez os parabéns a António Félix da Costa e aos restantes desportistas portugueses. Eles, sim, podem quase argumentar que, no que aos media diz respeito, contra tudo e contra todos continuam a ganhar e a ter atenção dos adeptos!


domingo, 9 de agosto de 2020

Media, escolhas, riscos, apostas, mudanças e lideranças

 https://as.com/masdeporte/2020/08/09/polideportivo/1596941278_792978.html 

#sportsmediatalk #mediatalk #newmedia

Não poucas vezes reflectimos profundamente sobre a forma como se vê o jornalismo e os media, por parte de quem está dentro do meio tradicional. Facilmente chegámos à conclusão que existem inúmeros mitos, 'misconceptions', determinantes nas abordagens. Nota-se que mal existem conversas com quem vende os jornais e revistas, que os números digitais são analisados, porventura, de forma 'macro', sem o necessário pormenor que alavanque metodologias e/ou mudanças.

Tudo pode começar pelo leitor tradicional, da versão impressa. Qualquer um que tenha tido o cuidado de observar as vendas de jornais e revistas, não os números, as vendas físicas, facilmente repara que a maioria adquire o mesmo jornal, a mesma revista, fidelizou-se e assim permanecerá até à morte ou até deixar de encontrar justificação, no conteúdo que não na capa, para o adquirir. As capas são feitas para leitores eventuais, não os regulares, por isso devem obedecer a critérios diferenciadores, se não vende um determinado tipo de capa assim tanto quanto se apregoa, se não há um pico, vale a pena continuar no mesmo modelo, na mesma abordagem?

Sobre o digital, que fornece dados bem mais concretos, aprofundados e fidedignos, é necessário compreender os horários de navegação, o que é clicado e o tempo de leitura, para se entender a 'qualidade' da leitura, seria mandatório ter inquéritos regulares, bi-anuais, leves, imagéticos, que permitissem não apenas a interacção mais próxima com os leitores, como também ajudassem a melhor o produto oferecido, afinal o leitor é o 'core business' dos media e é essa massa, a quantidade, que permitirá angariar a publicidade fora do básico eixo associado às grandes tecnológicas, o que é possível e bem necessário para a sobrevivência.

O as.com compreendeu há alguns anos que no mercado espanhol dificilmente derrubaria a liderança do grande rival MARCA. Assim, começou a trabalhar o digital e o nome nos mercados hispânicos latino-americanos. Desta forma cresceu globalmente no mercado de leitores em espanhol, que transcende bastante os cerca de 40 milhões de espanhóis, pois o target passou de 40 para quase 600 milhões, a que acrescem talvez outros tantos que têm espanhol como segunda língua ou idioma conhecido e, por isso, também buscam media e notícias/informações na língua de Cervantes.

Como a Comscore informa, de onde os dados originam, o diário desportivo espanhol aumenta a sua liderança global na língua, em informação desportiva, sendo o segundo site desportivo mais procurado em espanhol nos EUA e o líder na América Latina.

Como em tudo na vida, fazem-se escolhas, arrisca-se, abrem-se horizontes, ou fecha-se numa redoma pouco atraente e ainda menos ampla, entendendo que é melhor ser o 'campeão da cidade', 'rei do bairro', 'líder da região', copiando modelos gastos e que nem sequer são ajustados/adaptados à realidade necessária, uma obrigação, seja no design, seja nos conteúdos.

Em Portugal nota-se uma grande resistência à mudança, a dança de cadeiras envolve os mesmos nomes há demasiados anos, as inovações são de 'charme', não se quebra mesmo com a corrente, não se cria novidade, continua-se a perder leitores, físicos e digitais, mas apregoa-se vitórias, como um nobre endividado a passear-se no seu rolls-royce ou um burguês falido no seu porsche, na sua melhor vestimenta e a oferecer jantares.

Pedem-se mudanças, alterações a sério nos modelos de comunicação e de informação. O modelo dos jornais está ultrapassado, o antigo modelo CNN dos canais de informação não se adequa, continuam a escassear os conteúdos híbridos e a aposta na informação digital paga, de onde não se extrai assim tanto de diferente, de mais-valia, face ao que se tem gratuitamente, seja em blogues especializados ou nas fontes originais... sim, apresentar conteúdos pagos onde apenas se notam alguns ajustes a traduções de conteúdos disponíveis noutras línguas também não confere grande credibilidade.

Esta era, a digital, da informação imediata e imediatista, tem algo que se nota vivamente, a crescente falta de criatividade, a falta de rasgo, muito motivada pelo 'fast click', a resposta pronta à distância de um clique que, como a 'fast food', é óptima, tem a pronta recompensa, porém está carregada de efeitos perversos e tóxicos, não-saudáveis, no futuro. Isso já se observa há algum tempo nos media, portugueses e não só.
 
Existem várias hipóteses, podem-se alterar imensas situações, pode-se aprender com os erros, mas é vital que exista vontade e visão, o que continua longe de se notar. É estranho como as administrações, habituadas a olhar apenas para os números, não pressionam por alterações profundas, mudam por mudar, para o mesmo, sem realmente avaliar, aquilatar possibilidades de verdadeiras alterações. Findam jornais em formato físico, mas mantêm o digital como se físico fosse (cúmulo do desconhecimento), rearranjam e promovem prémios de design, obtidos noutras regiões, ainda que as vendas sejam miseráveis. Abstêm-se de realizar cross marketing visual, nos múltiplos conteúdos, de penetrar novos mercados, de estabelecer formas que abram novos espaços... mas... está sempre tudo bem... é no jornalismo como é no mundo empresarial que se conhece mais...