sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tributo a Tomislav Ivic


Nasceu em 1933, ano em que o Boavista foi suspenso em Portugal por se tornar profissional, em Split na costa adriática, cidade que o ama e a que ficou eternamente ligado! Jogou futebol no RNK Split, que em 2011 alcançou as competições europeias pela primeira vez, tendo também vestido a camisola do Hajduk, que ele tornou posteriormente temível. Como futebolista foi mediano, não era profissional conciliando o jogo com a profissão de mecânico, mas o futebol sempre como paixão.

Assim, abandonou a profissão que exercia, com o apoio da esposa, para ir tirar um curso de treinador na distante Belgrado, o que fez no espaço de um ano, enquanto a mulher mantinha a casa com o trabalho de costureira, estávamos no final dos anos 60. O sacrifício da companheira valeu a pena, pois ele garantiu que não mais necessitaria de fazê-lo e se poderia dedicar aos filhos e à casa, começava a nascer uma lenda, trajecto que se iniciou ainda no RNK Split, passou pelos escalões de formação do Hajduk Split e, depois de uma experiência no Sibenik, assume as rédeas da primeira equipa do Hajduk Split.
Com o Hajduk venceu três títulos (1974, 75 e 79), nas duas primeiras passagens pelo clube, a que juntou quatro taças jugoslavas (1972, 73, 74 e 76).
A sua fama ultrapassou os muros da Jugoslávia, sendo chamado pelo colosso Ajax, onde foi também campeão logo no ano de estreia, em 1977, lançando jogadores como Ruud Krol, Soren Lerby ou Frank Arnesen.


Regressa ao Hajduk para um terceiro título, antes de voltar a emigrar, desta feita para a Bélgica, em 1980, onde conquistou mais um título nacional (1981), perdendo no ano seguinte a possibilidade de bisar, devido ao mais tarde julgado escândalo de corrupção que envolveu o Standard Liège, com jogadores comprados...
Algum tempo no desemprego e uma oferta da Turquia, para onde rumou treinando o Galatasaray, onde não conseguiu troféus, seguindo-se Dínamo Zagreb e Avellino.
Regressou aos títulos em 1986, no comando dos helénicos do Panathinaikos! Em meados dos anos 80 já tinha sido campeão em quatro países distintos, na natal Jugoslávia, na Holanda, na Bélgica e na Grécia!
Neste contexto chega ao FC Porto, recém-coroado campeão europeu, ganhando a Supertaça europeia, a Taça Intercontinental, vencendo ainda o campeonato português e a taça nacional em 1988. Este feito só agora foi igualado por André Villas Boas, com a vitória em todas as competições que participou!
Apenas se quedou no FC Porto por uma época, assumindo depois o jovem Paris-SG, o Atlético Madrid de Paulo Futre, onde venceu uma taça do Rei, e o Marselha, que lhe deu o sexto campeonato em nações distintas, ganhando-o em 1992 e contribuíndo para o título europeu do clube marselhês em 1993, pois foi ele quem constituiu o plantel, o modelo de jogo, apesar do despedimento antes da fase mais avançada da prova, título posteriormente retirado, no escândalo de corrupção que envolveu o clube durante a administração de Bernard Tapie!




Retornou a Portugal em 1992, desta feita para orientar o Benfica, tendo também voltado ao FC Porto depois da experiência na Luz, mas os títulos já tinham sido todos conquistados e o próprio sentia já o peso dos anos e a vontade de se retirar!
Ainda deu uma volta de 10 anos que o levou de novo ao Hajduk Split, ao Marselha, mas também ao Fenerbahce, ao Standard Liège, ao Al Wasl e à selecção dos Emiratos Árabes Unidos, ao Irão e ao Al Ittihad da Arábia Saudita, onde findou a carreira corria o ano de 2004!

No futebol, foi um cigano como ele próprio disse, por necessidade da vida, correu meio mundo, não se rogando de exigir o que considerasse justo pelo seu trabalho! Fica na memória o seu sorriso, simpático, carinhoso mas desafiante e a abordagem ao jogo!

Ele é considerado um dos mestres tácticos do jogo, na herança de Helenio Herrera, desenvolveu uma forma de estar em campo cínica, que primava pelos resultados em detrimento do belo jogo, consequência da escola soviética, de Lobanovskiy, onde o colectivo é sempre mais importante que qualquer individual!

Se nos esquecermos da cara, fica a história, oito títulos em seis países... e quando alguém conseguir este feito falamos novamente! Descanse em paz, mister Ivic!


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