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As dispensas dos juniores do FC Porto, ou uma nova abordagem à formação...

Soube ontem que várias das estrelas dos juniores do FC Porto não viram o seu contrato renovado. Os internacionais Tiago Maia, guarda-redes que vai marcar presença no Mundial de sub20, Hugo Sousa, defesa central à Porto, como se costuma dizer, ou Pipo, um acutilante avançado que espero ver brilhar nos campos europeus em breve, numa política iniciada no ano transacto com as dispensas de Caetano, que também estará no Mundial de sub20 e fez uma excelente temporada no Paços de Ferreira, ou Claro, que joga actualmente no Famalicão.

A primeira reacção é de espanto, afinal estamos a falar de alguns dos mais promissores futebolistas do Dragão, depois pensa-se em aperto na massa salarial, na diminuição da folha de pagamentos, mas finalmente compreende-se e aplaude-se! Porquê? Explico de seguida.



Lembro-me perfeitamente, e fui bastante crítico, da aquisição entre outros de Bruno Gama e Nuno Coelho, jogadores que tinham saltado escalões de formação, competindo pelos seniores de Sporting Braga e Sporting Covilhã aos 16 anos, e que foram adquiridos pelo clube do Porto, sendo colocados nos juniores do clube. Ora, o que se pode inferir é que os patamares de evolução de ambos regrediram, acreditando eu piemente, e mais uma vez reforço que se trata da minha opinião, que já poderiam estar em grandes clubes europeus, como opções seguras da selecção nacional, não fosse este passo!
O aproveitamento de ambos pelo FC Porto foi nulo, com quer um, quer outro a necessitarem de buscar outras paragens para poderem provar o valor, que decididamente possuem! Eu continuo crente de que ambos vão brilhar ao mais alto nível, com Nuno Coelho a assinar pelo Benfica e Bruno Gama ainda em dúvida sobre a próxima época no Rio Ave ou no exterior, vão mais tarde ou mais cedo explodir. O que se notou é que todos saíram a perder, mesmos os clubes formadores que, ao os terem mantido no plantel principal, poderiam ter feito melhores negócios posteriormente!

Pelos vistos, para os lados da Torre das Antas, houve uma viragem no abordar dos jovens produtos da formação. E qual o modelo? O FC Barcelona! É verdade, pode parecer estranho mas é verdade, pelo menos em boa parte!
Quando se fala do FC Barcelona, fala-se de uma das mais famosas 'canteras' do mundo, numa equipa que conta com dois terços dos membros do plantel principal oriundos das escolas 'culés', contudo são ainda mais os jovens que foram dispensados para poderem evoluir e, quem sabe, mais tarde retornar ao clube do coração.

Vide Cesc Fabregas, o exemplo mais actual, se não tivesse rumado a Londres aos 16 anos, porventura estaria perdido nos escalões secundários espanhóis. Porquê? Por causa de um senhor chamado Xavi, ou seja, percebeu-se na Catalunha que a melhor forma do jogador crescer era simplesmente deixá-lo sair, ainda que implique um pagamento avultado para a sua compra! Podemos falar de Pep Reina, guardião do Liverpool, que saiu do FC Barcelona, tapado por Dutruel (?) e Bonano (?), além de Arnau, ou Gerard que brilhou no Valencia ao ponto dos catalães terem pago mais de 20 milhões de euros ao clube 'che' para o resgatarem. Outro exemplo foi Piqué, que cresceu no Manchester United, para posteriormente os catalães o readquirirem.

A época passada viu sair Rochina para o norte de Inglaterra, defende as cores do Blackburn Rovers, ou o guarda-redes campeão europeu de sub17 em 2008, Álex Sánchez, além de outras pérolas que Arséne Wenger tem pescado para o 'seu' Arsenal, como Toral ou Bellerín... não faltam nomes, sejam aquisições agressivas, como as do Arsenal, ou o mero libertar do jogador para que ele voe, como vai com certeza suceder com Bojan Krkic, que é um talento quase sobrenatural, mas tapado por Messi ou Villa no clube!

Pessoalmente, acho extremamente positivo a libertação dos jogadores, desde logo para que caiam na realidade e não se agarrem ao sonho eterno de representar o clube, como sucedeu com Paulo Machado ou Vieirinha, cujas carreiras já podiam ter disparado, não fosse a 'prisão' ao clube mãe que apenas os levou a sucessivos empréstimos, até à afirmação internacional. Creio mesmo que o sucesso destes dois jovens foi a mola dinamizadora desta nova política, que se saúda! Para se acompanhar a evolução de um jogador não é necessário tê-lo sob contrato.

Esperemos que a atitude seja seguida por outros, pois ter jogadores só para se dizer que se defende a formação, mas nunca lhes dando oportunidade na principal equipa, é igual a zero nesse campo. É verdade que os nossos técnicos estão no topo a nível de conhecimento e leitura táctica, abordagem e preparação dos jogos e, essencialmente, análise ao adversário, cada vez exportamos mais treinadores, mas continuam com uma grande pecha, a incapacidade de apostar em jovens talentos nacionais, preferindo refugiar-se no mercado sul-americano!

Acho sempre engraçado ouvir um treinador dizer que tem que proteger o jovem jogador, quando coloca a jogar habitualmente um da mesma idade ou mais novo, mas com passaporte brasileiro ou argentino, ou seja, é demasiado jovem até aos 24, porque é português, é demasiado velho a partir dos 30, olha-se em demasia para o bilhete de identidade ao invés de se analisar prestações dentro do relvado! Já agora, fica o conselho a esses técnicos, a juventude não é doença, a protecção deve ser efectuada com um acompanhamento técnico, psicológico, educacional por parte de toda a infra-estrutura de cada clube, no sentido de proporcionar uma fácil integração e, caso alguma prestação menos conseguida suceda, então trabalhar com ele nessas áreas para assegurar que ultrapassa bem a situação. Afinal, erros todos cometem, sempre!

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