Soube ontem que várias das estrelas dos juniores do FC Porto não viram o seu contrato renovado. Os internacionais Tiago Maia, guarda-redes que vai marcar presença no Mundial de sub20, Hugo Sousa, defesa central à Porto, como se costuma dizer, ou Pipo, um acutilante avançado que espero ver brilhar nos campos europeus em breve, numa política iniciada no ano transacto com as dispensas de Caetano, que também estará no Mundial de sub20 e fez uma excelente temporada no Paços de Ferreira, ou Claro, que joga actualmente no Famalicão.
A primeira reacção é de espanto, afinal estamos a falar de alguns dos mais promissores futebolistas do Dragão, depois pensa-se em aperto na massa salarial, na diminuição da folha de pagamentos, mas finalmente compreende-se e aplaude-se! Porquê? Explico de seguida.
Lembro-me perfeitamente, e fui bastante crítico, da aquisição entre outros de Bruno Gama e Nuno Coelho, jogadores que tinham saltado escalões de formação, competindo pelos seniores de Sporting Braga e Sporting Covilhã aos 16 anos, e que foram adquiridos pelo clube do Porto, sendo colocados nos juniores do clube. Ora, o que se pode inferir é que os patamares de evolução de ambos regrediram, acreditando eu piemente, e mais uma vez reforço que se trata da minha opinião, que já poderiam estar em grandes clubes europeus, como opções seguras da selecção nacional, não fosse este passo!
O aproveitamento de ambos pelo FC Porto foi nulo, com quer um, quer outro a necessitarem de buscar outras paragens para poderem provar o valor, que decididamente possuem! Eu continuo crente de que ambos vão brilhar ao mais alto nível, com Nuno Coelho a assinar pelo Benfica e Bruno Gama ainda em dúvida sobre a próxima época no Rio Ave ou no exterior, vão mais tarde ou mais cedo explodir. O que se notou é que todos saíram a perder, mesmos os clubes formadores que, ao os terem mantido no plantel principal, poderiam ter feito melhores negócios posteriormente!
Pelos vistos, para os lados da Torre das Antas, houve uma viragem no abordar dos jovens produtos da formação. E qual o modelo? O FC Barcelona! É verdade, pode parecer estranho mas é verdade, pelo menos em boa parte!
Quando se fala do FC Barcelona, fala-se de uma das mais famosas 'canteras' do mundo, numa equipa que conta com dois terços dos membros do plantel principal oriundos das escolas 'culés', contudo são ainda mais os jovens que foram dispensados para poderem evoluir e, quem sabe, mais tarde retornar ao clube do coração.
Vide Cesc Fabregas, o exemplo mais actual, se não tivesse rumado a Londres aos 16 anos, porventura estaria perdido nos escalões secundários espanhóis. Porquê? Por causa de um senhor chamado Xavi, ou seja, percebeu-se na Catalunha que a melhor forma do jogador crescer era simplesmente deixá-lo sair, ainda que implique um pagamento avultado para a sua compra! Podemos falar de Pep Reina, guardião do Liverpool, que saiu do FC Barcelona, tapado por Dutruel (?) e Bonano (?), além de Arnau, ou Gerard que brilhou no Valencia ao ponto dos catalães terem pago mais de 20 milhões de euros ao clube 'che' para o resgatarem. Outro exemplo foi Piqué, que cresceu no Manchester United, para posteriormente os catalães o readquirirem.
A época passada viu sair Rochina para o norte de Inglaterra, defende as cores do Blackburn Rovers, ou o guarda-redes campeão europeu de sub17 em 2008, Álex Sánchez, além de outras pérolas que Arséne Wenger tem pescado para o 'seu' Arsenal, como Toral ou Bellerín... não faltam nomes, sejam aquisições agressivas, como as do Arsenal, ou o mero libertar do jogador para que ele voe, como vai com certeza suceder com Bojan Krkic, que é um talento quase sobrenatural, mas tapado por Messi ou Villa no clube!
Pessoalmente, acho extremamente positivo a libertação dos jogadores, desde logo para que caiam na realidade e não se agarrem ao sonho eterno de representar o clube, como sucedeu com Paulo Machado ou Vieirinha, cujas carreiras já podiam ter disparado, não fosse a 'prisão' ao clube mãe que apenas os levou a sucessivos empréstimos, até à afirmação internacional. Creio mesmo que o sucesso destes dois jovens foi a mola dinamizadora desta nova política, que se saúda! Para se acompanhar a evolução de um jogador não é necessário tê-lo sob contrato.
Esperemos que a atitude seja seguida por outros, pois ter jogadores só para se dizer que se defende a formação, mas nunca lhes dando oportunidade na principal equipa, é igual a zero nesse campo. É verdade que os nossos técnicos estão no topo a nível de conhecimento e leitura táctica, abordagem e preparação dos jogos e, essencialmente, análise ao adversário, cada vez exportamos mais treinadores, mas continuam com uma grande pecha, a incapacidade de apostar em jovens talentos nacionais, preferindo refugiar-se no mercado sul-americano!
Acho sempre engraçado ouvir um treinador dizer que tem que proteger o jovem jogador, quando coloca a jogar habitualmente um da mesma idade ou mais novo, mas com passaporte brasileiro ou argentino, ou seja, é demasiado jovem até aos 24, porque é português, é demasiado velho a partir dos 30, olha-se em demasia para o bilhete de identidade ao invés de se analisar prestações dentro do relvado! Já agora, fica o conselho a esses técnicos, a juventude não é doença, a protecção deve ser efectuada com um acompanhamento técnico, psicológico, educacional por parte de toda a infra-estrutura de cada clube, no sentido de proporcionar uma fácil integração e, caso alguma prestação menos conseguida suceda, então trabalhar com ele nessas áreas para assegurar que ultrapassa bem a situação. Afinal, erros todos cometem, sempre!
Também no feminino se joga a Liga dos Campeões, que tem atraído bastante público nos últimos anos, levantado o interesse no futebol de senhoras e proporcionado excelentes partidas, com o foi a final de 2011, onde o Olympique Lyon se sagrou campeão europeu de clubes, ao surpreender na final as favoritas do Turbine Potsdam, com a luso-descendente Sónia Bompastor a levantar o troféu, enquanto capitã de equipas!
Esta época há uma participação quase recorde, com praticamente todas as associações filiadas na UEFA a colocarem pelo menos um representante na qualificação ou nas rondas eliminatórias! O formato de qualificação é bastante interessante, aplicado também noutras modalidades, e deveria ser adoptado para as competições masculinas, ou seja, a realização de mini-torneios com o apuramento do vencedor. Neste caso, 22 equipas já estão qualificadas para os 16 avos da prova, com os oito grupos de apuramento a enviarem a vencedora, associando-se a estas as duas melhores segundas classificadas!
LIGA DOS CAMPEÕES FEMININA 2011/12 –
Fase Qualificação
11 a 16 de Agosto de 2011
Organizador
Gr. 1
PAOK (Gre)
Young Boys (Sui)
CS Galiador-SS (Mda)
ZFK-Nase Taksi-SNT 2010 (Mkd)
Gr. 2
MTK (Hun)
ASA Telavive (Isr)
Metalurgs Liepaja (Lat)
1º Dezembro (Por)
Gr. 3
Rayo Vallecano (Esp)
Peamount Utd. (Ire)
Parnu FC (Est)
ZNK Krka (Slo)
Gr. 4
Univ. Gintra (Lit)
Olimpia Cluj-Napoca (Rou)
Atasehir Belediyespor (Tur)
WFC SFK 2000 Sarajevo (BiH)
Gr. 5
Glasgow City (Sco)
KI Klaksvik (Far)
Mosta FC (Mlt)
Spartak Jaffa (Srb)
Gr. 6
RTP Unia Raciborz (Pol)
Slovan Bratislava (Svk)
KS Ada (Alb)
PK-35 Vantaa (Fin)
Gr. 7
Legenda Chernigiv (Ukr)
Swansea City (Wal)
Progres Niedercorn (Lux)
Apollon Limassol (Cyp)
Gr. 8
FC NSA Sófia (Bul)
FC Bobruchanka (Blr)
Crusaders (NIR)
WFC Osijek (Cro)
Este fase de apuramento decorrerá, salvo alterações, entre 11 e 16 de Agosto, com o 1º Dezembro de Sintra, campeão nacional, a acolher o grupo 2, onde as meninas treinadas por Nuno Cristóvão têm boas possibilidades de se qualificarem para a fase de eliminatórias!
A final vai acontecer a 17 de Maio em Munique, o palco dos sonhos que 54 equipas almejam alcançar nesta edição!
Já abordamos a temática dos nações sem selecção, exemplificando algumas possibilidades de equipas nacionais que lutariam por posições dignas no universo qualificativo de UEFA e FIFA! Neste caso, vamos fazer o papel inverso, identificar um grupo de atletas que representou internacionalmente mais do que um país, prática corrente em quase todo o século XX e utilizado especialmente por italianos para reforçarem a 'squadra azzurra', baseados nos antepassados transalpinos dos grandes valores sul-americanos.
Existem centenas de nomes que defenderam as cores de mais do que uma selecção nacional. Desde logo, o desmembramento da União Soviética, da Jugoslávia, da Checoslováquia, a anexação de territórios pela Alemanha nazi e utilização de jogadores na máquina promocional de Hitler, entre outras situações, levaram a que um sem número de futebolistas tenham jogado por uma, duas ou três selecções distintas, mas optou-se por não os colocar neste onze!
De acordo com notícias surgidas na antiga União Soviética, Michel Platini, actual presidente da UEFA, chegou a actuar num jogo com a camisola do Koweit, em 1988, num particular frente à URSS!
De fora ficaram Raimundo Orsi, avançado italo-argentino, que brilhou ao serviço de Independiente, Juventus, Boca Juniors, Platense, Flamengo ou Peñarol, Julio Libonatti, que actuou no Newell's Old Boys, no Genoa e no grande Torino, Alcides Ghiggia, italo-uruguaio, que jogou no Peñarol, AS Roma, Milan AC e Danubio, Eulogio Martínez, hispano-paraguaio, que defendeu as cores de Libertad, Barcelona, Atlético Madrid e Europa, José Altafini, italo-brasileiro, jogador de Palmeiras, Milan AC, Nápoles e Juventus ou Alejandro Scopelli, italo-argentino, que jogou no Estudiantes, AS Roma, Racing Avellaneda, Belenenses, Benfica e Universidad Chile, apenas para citar alguns!
Ao montar uma selecção deste calibre e destas gerações, é inevitável utilizar um dos sistemas que alteraram o jogo, por exemplo, o WM, com uma ou outra adaptação! Os dados que acompanham os nomes referem-se às selecções representadas, ao período no activo a nível sénior e os principais clubes representados.
Rudi Hidden foi o melhor guarda-redes da sua geração, extraordinário ao ponto do famoso Herbert Chapman, um dos transformadores do jogo, o ter tentado contratar para o seu Arsenal! Hiden actuou na famosa selecção austríaca dos anos 20 e 30, a 'wunderteam' de Hugo Meisl, ou equipa maravilha, equipa esquartejada pelas forças de Hitler, com alguns dos atletas a passarem a defender as cores da Alemanha, os de origem judia, da famosa equipa Hakoach Viena, foram enviados para campos de concentração, à excepção dos que conseguiram chegar à Suíça ou a outros territórios neutros, e Hiden foi para a França, jogando mesmo pela selecção francesa num amigável frente a Portugal em Janeiro de 1940!
Na defesa, Santamaría, famoso defesa do Real Madrid onde fez o tetracampeonato europeu, marcando presença no mundial de 1954 pelo Uruguai, quartos classificados, e em 1962 pela Espanha, ou seja, jogou um Campeonato do Mundo na Europa com as cores de uma selecção sul-americana e depois foi defender uma selecção europeia no Mundial do Chile! No conjunto, ganhou cinco títulos uruguaios com o Nacional e seis espanhóis com o Real Madrid.
Hector de Bourgoing, descendente de diplomatas franceses, mas nascido na Argentina, um avançado que também sabia defender, defendeu as cores gaulesas no Mundial de 1966, tendo ganho um título argentino com o River Plate, consta que poderia ter ido mais longe na sua carreira de jogador, tendo sido tapado, em parte, pelo brilhantismo de Sívori.
No lado esquerdo da defesa, o senhor Ernesto Mascheroni, campeão do mundo pelo Uruguai em 1930, vencedor de três títulos nacionais com o Peñarol Montevideu, que depois rumou a Itália, com passagem pelos argentinos do Independiente pelo meio, defendendo as cores da Ambrosiana (actual Inter Milão) e jogando por Itália, onde ganhou a Copa Internacional, antecessora do Europeu de futebol, em 1935.
Monti era apelidado de 'doble ancho', dobro da largura, pela forma como ocupava o campo. Actuou no primeiro Mundial organizado, com as cores da Argentina, em 1930, sagrando-se vice-campeão, repetindo a prata dos Jogos Olímpicos de 1928, mas alcançou o campeonato do mundo em 1934, já ao serviço de Itália. O jogador passou pelo Huracán, Boca Juniors, San Lorenzo e Juventus, ganhou oito títulos nacionais, um pelo Huracán, três pelo San Lorenzo e quatro pela Juventus.
Renato Cesarini é um dos fenómenos do início de século que nos confirma o quanto a história se repete! Hoje vemos massas migratórias a vascularem de um local para outro, como o faziam no passado. Cesarini nasceu em Itália mas acompanhou a família, quando ainda era criança, em busca de uma vida melhor. Cresceu em Buenos Aires e aí se fez jogador, estreando-se na divisão principal ao serviço do Chacarita Juniors. Depois de Chacarita, passou pelo Ferro Carril, pela Juventus, onde alcançou cinco títulos nacionais, terminando a carreira no River Plate. Apesar de médio, tinha o hábito de marcar golos nos últimos minutos, tanto que ainda hoje na Argentina existe a 'zona Cesarini', remetendo para os últimos momentos das partidas. O centrocampista jogou pela Argentina e pela Itália, ainda que não tenha obtido títulos nas selecções.
Soluções para o ataque não faltariam a esta equipa de sonho, colocando-se Roberto Porta à esquerda, um jogador de destaque, que defendeu as cores de Uruguai e Itália, vencendo a Copa América de 1942, com mais dois segundos lugares, realizando um jogo por Itália em 1935, antes de jogar pelo Uruguai, no título europeu dos transalpinos. Obteve o pentacampeonato ao serviço do Nacional Montevideu (1939-43), ao que adicionou um sexto triunfo. Na passagem por Itália actuou ao serviço do Ambrosiana.
Juan Schiaffino fica colocado na direita, o que foi considerado pela Federação Internacional de História e Estatística de Futebol (IFFHS) como o melhor jogador uruguaio da história era fabuloso, com uma técnica e habilidade acima da média, destacando-se ainda pela sua visão de jogo e inteligência táctica com que geria a partida. No começo, aliou o futebol com o trabalho de padeiro. Chegou ao Peñarol com 18 anos e começou logo a fazer furor, era chamado o chefe da 'esquadrilha da morte', a frente de ataque da equipa. Estreou-se na selecção principal uruguaia com 19 anos na copa América e sagrou-se campeão do mundo na mais famosa final, a do Maracanã de 1950. 'Pepe', como também era conhecido, brilhou também no Mundial de 1954, onde a sua selecção caiu nas meias-finais aos pés de uma das maiores selecções da história, a Hungria de Puskas. Esta prestação valeu-lhe, à altura, a transferência mais cara da história do jogo, com o Milan AC a pagar 103 mil euros pela sua aquisição.
Cesare Maldini, seu companheiro da altura, descreveu-o como alguém com "um radar no lugar do cérebro". A voz de Schiaffino era tal no Milan que foi ele quem avalizou a aquisição de Rivera para o clube, tendo também chegado ao selecção transalpina. Sagrou-se quatro vezes campeão com o Peñarol e três vezes com o Milan AC, além de vencer uma taça latina com os milaneses e uma taça UEFA com a AS Roma.
Depois, três lendas do jogo. Ladislao Kubala, que defendeu as cores de Checoslováquia, da Hungria, de Espanha e que também jogou pela Catalunha, foi um dos melhores jogadores de todos os tempos. Provavelmente, está no top 10 dos melhores batedores de bolas paradas da história. Kubala estreou-se no Ferencvaros, fugindo para a Checoslováquia durante a segunda guerra mundial e actuando pelo Slovan Bratislava, mas regressando posteriormente ao país natal para actuar no Vasas Budapeste. Fugiu à cortina de ferro, passando a fronteira austríaca num camião com matrícula soviética, sem que ninguém soubesse, para não comprometer a família. Após fugir para o Ocidente, com outros companheiros, fundou a equipa Hungaria, depois de ter passado por um campo de refugiados em Itália, onde apenas conseguiu jogar no Pro Patria, dada a suspensão de um ano imposta pela FIFA, a pedido magiar, pela fuga.
A equipa Hungaria brilhou em toda a Europa Ocidental e na América do Sul, sendo mesmo comparada aos Harlem Globetrotters, pela beleza e espectacularidade que colocavam em campo, afinal eram dissidentes húngaros, que já haviam composto a melhor selecção mundial da altura. Esteve pertíssimo de assinar pelo grande Torino, não se concretizando o negócio para sua fortuna, pois esta equipa sofreu a tragédia de Superga, onde morreram todos os seus membros no regresso de um jogo com o Benfica.
No périplo da Hungaria passaram por Barcelona, o que mudou a sua vida, com Samitier a ficar siderado com o talento e a contratá-lo de imediato, era o início de 12 belos anos com os 'blaugrana', com 349 jogos e 270 golos, incluíndo sete numa partida apenas, o que é um recorde em Espanha, quatro títulos nacionais, cinco taças, uma taça latina, duas taças das cidades com feiras e um mundial de clubes!
Diz-se que o Barcelona construiu o Camp Nou porque não tinha um campo com capacidade suficiente para albergar todos os que queriam ir ver o fantástico jogador, apesar do Les Corts, antigo campo da equipa, ter na altura uma lotação de 60 mil lugares!
Kubala fugiu da Hungria mesmo antes do início da caminhada dos magiares para a história, com a aranycsapat, mas Ferenc Puskas esteve no epicentro da mesma. O major galopante, como ficou conhecido dada a sua patente militar no exército da Hungria, estreou-se na principal equipa do Kispest, conhecido hoje como Honved, pela mão do pai, também ele antigo jogador, com 16 anos. Aqui ganhou cinco títulos nacionais e foi o melhor marcador nacional três vezes. Foi campeão olímpico em Helsínquia, 1952, perdendo polemicamente o campeonato mundial de 1954, na final com uma RFA dopada. Com um pé esquerdo temível, tinha uma velocidade fantástica e um remate estrondoso, sendo considerado mesmo o goleador do século XX pela IFFHS.
A invasão soviética da Hungria em 1956 foi o sinal para emigrar, o que fez, com outros companheiros, e dedicar-se a fuzilar redes espanholas, o que fez com primor, contribuíndo para grandes alegrias madrilistas. Ao todo, ganhou 10 campeonatos divididos por Honved e Real Madrid, uma taça espanhola, três taças dos campeões e foi considerado o melhor futebolista da Hungria.
Era um verdadeiro talento, a par de Czibor, Hidegkuti, Kocsis, Grosics e Boszik, além de Kubala, o que os torna, talvez, na melhor geração conjunta da história do jogo. Não foi à toa que alcançaram 31 jogos seguidos sem derrota, com a final do Mundial de 1954 a terminar a série, mas cujo primor continuou até aos 50 jogos, 42 vitórias, 7 empates e essa derrota, mais de quatro anos sem perder!!! Esta selecção, sem o Kubala realce-se, foi 'apenas' a primeira continental a bater a Inglaterra no seu terreno, e fê-lo por expressivos 3-6!
Diz-se que devemos guardar o melhor para o fim. Alfredo di Stéfano é unanimemente considerado como um dos cinco melhores jogadores da história, aponta-se mesmo o seu nível idêntico ou superior aos de Pelé e Maradona, limitado apenas por ter aparecido no tempo antes da televisão para as massas! Alcunhado de 'saeta rubia', flecha loura, era um avançado poderoso, versátil, de grande visão, que podia jogar em quase todo o lado dentro do campo. Pelo Real Madrid marcou 216 golos em 282 jogos. Pelé, Luis Suarez, Sandro Mazzola ou John Charles, entre outros, consideram-no como o jogador mais completo da história do futebol, e não há melhor opinião do que a destes 'monstros' da bola.
Estreou-se no River Plate com 17 anos, em 1945, sendo emprestado ao Huracán no ano seguinte, mas logo retornando ao seu clube de coração na Argentina. Uma greve no país levou-o à Colômbia, onde actuou pelo Millonarios Bogotá, ao todo ganhou dois títulos no River Plate e foi tricampeão no Millonarios. Pelo Real Madrid alcançou oito campeonatos nacionais, cinco taças dos campeões e uma taça intercontinental, a que se junta a Copa América de 1947, ainda com as cores da Argentina.
Na selecção espanhola não foi afortunado, falha nos apuramentos, lesões, impediram-no de marcar presença em qualquer fase final de um Mundial. É, com certeza, o melhor jogador da história a nunca ter disputado um Campeonato do Mundo! Alfredo di Stéfano, filho de emigrantes italianos da ilha de Capri, sagrou-se melhor marcador argentino por uma vez, três ocasiões na Colômbia e foi 'pichichi' de Espanha em cinco épocas!
Ao pensarmos em futebol no nosso cantinho europeu, é quase inevitável vir-nos à memória Luís Freitas Lobo, alguém que respira futebol, sem ligações cinzentas, sem o ar de superioridade e douto conhecimento supremo, simplesmente um profundo conhecedor, um amante do jogo, que vive, sonha e partilha o saber que vem adquirindo desde há tempos!
Ouvi-lo a falar é ganhar o gosto pelo jogo do povo, é aprender sobre a essência do futebol, é conhecer elementos perdidos, talentos idos ou jovens a chegar! Naturalmente, não partilho de alguns dos seus pontos de vista, na abordagem ao jogo, mas admiro-o e nem teria piada concordar com todos os seus argumentos e suas visões!
Quando passámos pela escola, pela Universidade, ficam-nos na retina e na memória os docentes que nos fazem querer saber mais, que nos aguçam a curiosidade, que nos fazem aprender, comprender e apreender, que nos guiam na busca das respostas e nos ajudam a colocar mais questões... e respondê-las! No meu caso, entre outros, ficou-me como referência Ricardo Jorge Pinto, comentador RTPN e jornalista do Expresso! Luís Freitas Lobo está para o futebol desta forma, por isso é apenas normal constituir-se como pilar quando se aborda a teoria, os aspectos técnico-tácticos e a avaliação de jogadores!
Apesar da sua formação em Direito, Luís Freitas Lobo nunca conseguiu abandonar a paixão pelo futebol, amor que lhe foi incutido desde o berço, ou não tivesse sido o seu avô, Celestino Lobo, um dos fundadores do Sporting Clube Braga, ilustre minhoto, referência em vários locais, honrado com ruas e até um campo de futebol, do Dumiense Futebol Clube, para o qual contribuiu decisivamente!
Creio que quase todos os amantes do jogo lusos conhecem 'O Planeta do Futebol', o site, o livro, as crónicas de Luís Freitas Lobo no diário desportivo A Bola, mas a sugestão de leitura que deixo é o seu primeiro livro, editado em 2002 pela Bertrand, "Os Magos do Futebol", onde percorre os trilhos do jogo, desde o primeiro grande negro do jogo, Andrade do Uruguai dos anos 20 e 30 e esta primeira grande selecção, até Zico, passando pelos grandes precursores do jogo, como Hugo Meisl, Herbert Chapman, Vittorio Pozzo, Karl Rappan ou Sepp Herberger, na abordagem à evolução táctica!
Aqui ficamos a conhecer melhor, para quem não o sabia, a Aranycsapat ou a equipa de ouro, que abrilhantou e maravilhou os estádios europeus de futebol no período pós segunda guerra mundial! Não deixa de tocar o Brasil até aos anos 70, no capítulo sete, e a Argentina no capítulo onze! Também abordar as outras grandes selecções do mundo, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Itália, França, Espanha, Portugal, fixando também um olhar em África!
A nível de escrita não está tão aprimorado como 'O Planeta do Futebol', que bebe bastante deste livro, mas dá um prazer imenso a sua leitura. Creio que o li em três dias, quando o comprei, tal foi a avidez em perceber o que se seguia a cada capítulo e tal é escorreita a escrita!
Para quem ama o futebol, aconselho mesmo a leitura! Por vezes, tenho conversas com amigos do universo das engenharias, que não gostam de história, não a acham necessária, o que contradigo, pois se somos o que somos à História o devemos e apenas conseguimos evoluir se percebermos de onde vimos, quem somos e para onde vamos!
Também apenas podemos melhor compreender o futebol, as selecções, os mitos, as estrelas, o jogo actual, se conhecermos a sua história!
Nasceu em 1933, ano em que o Boavista foi suspenso em Portugal por se tornar profissional, em Split na costa adriática, cidade que o ama e a que ficou eternamente ligado! Jogou futebol no RNK Split, que em 2011 alcançou as competições europeias pela primeira vez, tendo também vestido a camisola do Hajduk, que ele tornou posteriormente temível. Como futebolista foi mediano, não era profissional conciliando o jogo com a profissão de mecânico, mas o futebol sempre como paixão.
Assim, abandonou a profissão que exercia, com o apoio da esposa, para ir tirar um curso de treinador na distante Belgrado, o que fez no espaço de um ano, enquanto a mulher mantinha a casa com o trabalho de costureira, estávamos no final dos anos 60. O sacrifício da companheira valeu a pena, pois ele garantiu que não mais necessitaria de fazê-lo e se poderia dedicar aos filhos e à casa, começava a nascer uma lenda, trajecto que se iniciou ainda no RNK Split, passou pelos escalões de formação do Hajduk Split e, depois de uma experiência no Sibenik, assume as rédeas da primeira equipa do Hajduk Split.
Com o Hajduk venceu três títulos (1974, 75 e 79), nas duas primeiras passagens pelo clube, a que juntou quatro taças jugoslavas (1972, 73, 74 e 76).
A sua fama ultrapassou os muros da Jugoslávia, sendo chamado pelo colosso Ajax, onde foi também campeão logo no ano de estreia, em 1977, lançando jogadores como Ruud Krol, Soren Lerby ou Frank Arnesen.
Regressa ao Hajduk para um terceiro título, antes de voltar a emigrar, desta feita para a Bélgica, em 1980, onde conquistou mais um título nacional (1981), perdendo no ano seguinte a possibilidade de bisar, devido ao mais tarde julgado escândalo de corrupção que envolveu o Standard Liège, com jogadores comprados...
Algum tempo no desemprego e uma oferta da Turquia, para onde rumou treinando o Galatasaray, onde não conseguiu troféus, seguindo-se Dínamo Zagreb e Avellino.
Regressou aos títulos em 1986, no comando dos helénicos do Panathinaikos! Em meados dos anos 80 já tinha sido campeão em quatro países distintos, na natal Jugoslávia, na Holanda, na Bélgica e na Grécia!
Neste contexto chega ao FC Porto, recém-coroado campeão europeu, ganhando a Supertaça europeia, a Taça Intercontinental, vencendo ainda o campeonato português e a taça nacional em 1988. Este feito só agora foi igualado por André Villas Boas, com a vitória em todas as competições que participou!
Apenas se quedou no FC Porto por uma época, assumindo depois o jovem Paris-SG, o Atlético Madrid de Paulo Futre, onde venceu uma taça do Rei, e o Marselha, que lhe deu o sexto campeonato em nações distintas, ganhando-o em 1992 e contribuíndo para o título europeu do clube marselhês em 1993, pois foi ele quem constituiu o plantel, o modelo de jogo, apesar do despedimento antes da fase mais avançada da prova, título posteriormente retirado, no escândalo de corrupção que envolveu o clube durante a administração de Bernard Tapie!
Retornou a Portugal em 1992, desta feita para orientar o Benfica, tendo também voltado ao FC Porto depois da experiência na Luz, mas os títulos já tinham sido todos conquistados e o próprio sentia já o peso dos anos e a vontade de se retirar!
Ainda deu uma volta de 10 anos que o levou de novo ao Hajduk Split, ao Marselha, mas também ao Fenerbahce, ao Standard Liège, ao Al Wasl e à selecção dos Emiratos Árabes Unidos, ao Irão e ao Al Ittihad da Arábia Saudita, onde findou a carreira corria o ano de 2004!
No futebol, foi um cigano como ele próprio disse, por necessidade da vida, correu meio mundo, não se rogando de exigir o que considerasse justo pelo seu trabalho! Fica na memória o seu sorriso, simpático, carinhoso mas desafiante e a abordagem ao jogo!
Ele é considerado um dos mestres tácticos do jogo, na herança de Helenio Herrera, desenvolveu uma forma de estar em campo cínica, que primava pelos resultados em detrimento do belo jogo, consequência da escola soviética, de Lobanovskiy, onde o colectivo é sempre mais importante que qualquer individual!
Se nos esquecermos da cara, fica a história, oito títulos em seis países... e quando alguém conseguir este feito falamos novamente! Descanse em paz, mister Ivic!
As Baleares são um arquipélago em pleno Mediterrâneo, famoso pelas praias, pelas loucas noites de Ibiza e pela enormidade de famosos que têm neste pequeno paraíso europeu o seu local favorito de férias.
Em termos desportivos, as ilhas são famosas por receberem um torneio de golfe e a grande personalidade daqui originária é o actual líder mundial de ténis, Rafael Nadal, a que se junta o antigo tenista Carlos Moyá. Também famoso é o piloto de motociclismo Jorge Lorenzo e o basquetebolista da NBA Rudy Fernández. Digamos que o futebol tem no RCD Mallorca a grande referência, mas perde actualmente na ilha para os nomes acima descritos, o que se reflecte também na menor actuação da sua selecção autonómica, em comparação com as congéneres catalã, basca ou galega!
A grande figura do futebol balear é o tio de Rafael Nadal, o antigo central do Barcelona, Miguel Ángel Nadal, com o internacional sub21 Emilio Nsue e o jovem dos sub19 Sergi Enrich a posicionarem-se como as futuras estrelas no jogo oriundas deste arquipélago!
Grandes notáveis passaram aqui parte da vida, destacando-se Joan Miró, que faleceu em Palma de Maiorca, e o compositor franco-polaco Frédéric Chopin, cuja tórrida vida amorosa teve nas Baleares alguns dos seus episódios!
Como boa parte das ilhas do Mediterrâneo, as Baleares foram sempre alvo de piratas, de ataques oriundos do norte de África, do império Otomano, das cidades-estado italianas, até pelo seu posicionamento no acesso marítimo à Europa do Sul, ao norte de África e ao Médio Oriente, passaram pelo reino de Aragão, tiveram o seu próprio reinado, por aqui passou o famoso Barbarrossa e o arquipélago chegou a estar dividido entre as coroas espanhola e inglesa, foi conquistado por tropas francesas. Contudo, a grande ligação do arquipélago é com a Catalunha, ou não fosse o catalão a língua oficial e houvesse um grande fluxo entre o arquipélago e a região.
Desenhar uma selecção para as Baleares não foi fácil, mas existem diversos jogadores e alguns jovens promissores que ficaram de fora destes 18! Se tivéssemos de alcunhar a equipa seria fácil, os "Xiscos", dado o predomínio do diminutivo nas escolhas.
Emergem dois nomes inevitavelmente, os antigos internacionais Riera e Mista, mas boa parte dos restantes tem chamadas às selecções jovens da 'roja'. Esperemos em breve um novo jogo da selecção pois, tanto quanto se sabe, apenas efectuaram um na sua história, perdendo com Malta (0-2) no final de 2002! A ilha de Menorca participou nos últimos dois 'Island Games' - 2007 e 2009 - com uma selecção de futebolistas locais!
Falar do Suriname, em termos de futebol, é falar de uma jovem nação que não tira proveito do glorioso talento dos seus filhos e netos! Independente desde 1975, como as antigas colónias portuguesas de África, este enclave sul-americano ocupado pelos holandeses entre os séculos XVII e XVIII sofreu bastante com o movimento independentista que levou um quarto da população a dirigir-se para a metrópole, com receio do futuro num território muito dependente da produção agrícola, ainda abraçado por uma faixa amazónica, e cuja participação na vida política sul-americana é quase inexistente, tal como as suas guianas irmãs, a francesa e a inglesa!
Com este enorme êxodo populacional para a Holanda, começaram a emergir nos subúrbios de Amsterdão e Roterdão as novas estrelas do futebol holandês, que deram um novo vigor a uma selecção já tradicionalmente técnica e de toque de bola imensamente apelativo. Falar da Holanda de 1988, do título europeu conquistado, é mencionar o trio maravilha que rumou posteriormente ao AC Milan, Marco van Basten e os dois surinameses de ascendência, nascidos nos arredores de Roterdão, Frank Rijkaard, e Amsterdão, Ruud Gullit, no que foi o início do futebol mais exótico protagonizado pela Holanda.
Mais fundamentais estiveram os originários do território sul-americano na fabulosa conquista da Liga dos Campeões por parte do Ajax em 1995, frente ao na altura poderoso AC Milan de Fabio Cappello. Louis van Gaal pegou na 'cantera' ajaxiana para criar uma equipa que jogava de uma forma sublime, com um jovem van der Sar na baliza e os miúdos dos 'guetos', nascidos ou de origem surinamesa, Edgar Davids, Clarence Seedorf, Michael Reiziger, Winston Bogarde, Patrik Kluivert, apoiados no regressado Frank Rijkaard, que, em conjunto com os gémeos de Boer, Danny Blind, o finlandês Litmanen, Nwankwo Kanu e dois extremos fabulosos, o rapidíssimo Finidi e um dos melhores jogadores da sua geração, Marc Overmars!
A fuga da população aquando da independência levou a que, no Suriname, 'se fechasse a porta' aos profissionais do jogo, notando-se que, apesar de defenderem as cores da 'Oranje' boa parte dos atletas que vêm do Suriname dizem-se surinameses convictos, numa semelhança que podemos encontrar com Rolando ou Nélson, da selecção portuguesa, mas cabo-verdianos com orgulho, ou seja, percebe-se a importância das raízes no coração dessas pessoas!
Assim, além de uma liga amadora, mal-organizada e medíocre, o Suriname não dispõem de uma selecção que rivalize, sequer, com os parceiros da Concacaf, com quem disputa as eliminatórias de acesso às grandes competições, quando o faz! Apesar de pertencer à zona de influência do Conmebol, a sua integração foi realizada na confederação centro e norte-americana, para competir com selecções de valor mais próximo, como as que povoam as Caraíbas.
Independentemente disso, é um exercício engraçado observar o que esta equipa nacional poderia ser. Uma selecção forte e que disputaria as eliminatórias ao milímetro com os parceiros Concacaf ou Conmebol, senão vejamos:
Todos os presentes no onze e 17 dos 18 já foram internacionais pela Holanda, notando-se que boa parte ainda o é dada a juventude de alguns elementos! Com a adaptação de Engelaar ao centro da defesa, observa-se uma linha de rectaguarda bastante forte, com de Jong no centro do terreno a apoiar as transições de Clarence Seedorf e Emanuelson, para uma linha ofensiva composta por Lens, Elia e Babel, deixando no banco valores como Drenthe, Biseswar ou Castelen, já para não mencionar as dezenas de descendentes de surinameses que povoam as ligas holandesas de futebol, como Maceo Rigters, a família Seedorf ou Hedwiges Maduro!
Refira-se que vários dos jogadores acima posicionados nasceram ainda em Paramaribo, capital do Suriname, como são os casos de Tiendalli, Braafheid ou Seedorf, numa selecção que pintaria de exótico e mais atraente ainda o mapa do mundo do futebol, ou não tivesse na baliza um nome com tanta história na pintura, como é Vermeer!
Mas nem tudo são rosas, a divisão do balneário holandês tem sido uma realidade desde a altura em que as jovens estrelas originárias do Suriname começaram a povoar a selecção, mesmo com o título de 1988, sempre se falou de brancos e negros dentro do balneário, disfarçado inicialmente com supostas tensões entre jogadores do PSV e do Ajax, mas que mais tarde se veio a comprovar ter razões rácicas, como o referiram já alguns dos antigos internacionais holandeses com raízes na América do Sul. Espera-se que, com a situação a correr todos os escalões, com o enorme sucesso obtido e com o acréscimo de qualidade nas selecções dos Países Baixos, a situação se dissipe, como é obrigatório numa sociedade globalizada!
Das estrelas do passado, podemos perfeitamente mencionar ainda Stanley Menzo, Marciano Vink, Aron Winter, Pierre van Hooijdonk, Mario Melchiot ou Jimmy Floyd Hasselbaink, todos eles internacionais absolutos pela Holanda e figuras de destaque no futebol europeu!
Eu confesso que gostava de ver o Suriname com a melhor selecção possível, vocês não?
Aproveitando o facto da Andaluzia se apresentar com quatro equipas na próxima edição da Liga BBVA, torna-se interessante fazer o exercício de criar a sua potencial selecção, observando que, apesar de actuar uma ou outra vez, o nacionalismo andaluz perde um pouco face aos de bascos, catalães ou galegos, no retalho de nações que é a Espanha!
Os nacionalismos em Espanha vêm-se desvanecendo com o tempo, como acontece em França, na Alemanha ou em Itália, onde as várias nações que compuseram cada um desses países foram abrangidas e 'dissipadas', se é que posso usar o termo, pelo país mãe, pelo reino principal, à custa de muito sangue, muitas guerras e mortes, especialmente daqueles que continuavam a clamar pela sua identidade nacional local!
Ainda assim, como já se viu no caso da selecção da Catalunha, a Andaluzia poderia ter uma equipa a lutar pelas melhores posições a nível europeu e mundial, observando-se que um campeonato andaluz também teria grandes condições, bastando observar os quatro clubes na liga principal espanhola, dois na Liga Adelante, além de históricos como o Cádiz, e a que se poderiam juntar os clubes das cidades espanholas em África!
Entre os vários andaluzes que aqui não estão, por opção, destaco a omissão de Dani Guiza, o avançado espanhol 'exilado' na Turquia, atormentado por lesões na última época e que seria o titular neste onze, devendo-me penitenciar neste caso pelo esquecimento, deixando aqui a referência!
No resto, uma mescla de juventude e experiência, com Pinto a garantir segurança nas redes e Javi Varas como boa alternativa. Um flanco direito de selecção espanhola, constituído por Sérgio Ramos e Joaquín, uma dupla de centrais internacional, com provas dadas, como são Marchena e Juanito! Um lateral esquerdo seguro, para permitir a incorporação de Diego Capel como interior e Reyes na extrema, sustentados por uma dupla que atesta a diversidade, Arzu, com inúmeros anos no Bétis, e o jovem Ruben Pérez, uma das revelações do Deportivo, actualmente nos sub21 espanhóis.
Não poderia deixar de realçar Jurado, Jesús Navas e Callejón, como alternativas, além da opção entre Manu del Moral e Guiza! Uma excelente equipa que, ainda assim, abdica de diversos outros talentos!
Falar da Córsega é abordar os longínquos tempos da pirataria por contrato, ou não fosse o epíteto corsário originário desta ilha, segundo rezam algumas lendas, onde França e Itália se misturam num ser corso muito próprio, único, original.
Os corsários distinguiam-se dos piratas por trabalharem a soldo dos reinos. Poderíamos compará-los aos mercenários de hoje em dia, que trabalham para quem lhes paga melhor, em contraponto com os piratas que atacavam tudo e todos em benefício próprio! Um corsário era um miliciano, não fazia parte das forças militares dos reinos, mas podiam actuar enquanto tal, desde que mandatados por uma carta de legitimação ministrial!
O facto da ilha de Córsega ser bastante entrecortada, plena de enseadas e grutas, tornou-a num bom local para corsários e piratas que atacavam no Mediterrâneo se abrigarem e esconderem!
O mais famoso corso da história é Napoleão Bonaparte, cuja ambição elevou a Córsega ao estatuto de pátria natal do imperador! Também esta ligação, do ponto de vista negativo, diluiu ao longo dos últimos 150 ou 200 anos a vontade independentista desta bela e acidentada ilha mediterrânica! Apesar de orgulhosamente corsos, os habitantes sentem um pouco o peso da insularidade, um pouco como outras ilhas e arquipélagos pertencentes a nações europeias!
Apesar de relativamente satisfeitos, ao que parece, com a sua integração francesa, existe uma selecção corsa e é habitual contarmos com equipas da ilha na principal divisão do futebol gaulês, entre Bastia e Ajaccio. A selecção corsa realiza um ou outro jogo particular, sem grande frequência e não contando com os principais filhos da ilha! Ainda assim, deixa-se abaixo um esboço do que poderia ser uma selecção da Córsega, apenas com nados na ilha, não contando sequer com descendentes como Berenguer ou Tibéri, que actuam na Ligue e têm ascendentes da ilha mas já nasceram em plena França continental.
Note-se que boa parte dos presentes já foram internacionais jovens franceses, ou absolutos mesmo, actuando no principal campeonato ou no estrangeiro. Realce para a dupla de centrais, que seria uma das melhores do mundo, não podendo deixar de ser referir Ludovic Giuly, o mais mediático jogador corso da história recente do futebol francês! Tal como a Madeira, também a Córsega poderia criar o seu próprio campeonato, que seria sem dúvida competitivo, e ter uma selecção para ombrear com as melhores e bater muitas das que competem nas provas uefeiras!
A Liga Europa também teve o seu sorteio hoje, 20 de Junho, no que definiu o início do percurso das equipas no parente pobre das competições clubísticas europeias, cujo modelo tem sido alvo de críticas por parte de diversos sectores dentro da modalidade, sejam pela fase de grupos, por se ter extinguido a taça das taças e envolver aqui todos os que não têm acesso à Liga dos Campeões, os que vencem as taças nacionais, e pela razão de, aquando do término da fase de grupos da principal prova de clubes europeia, os terceiros classificados dessa fase entrarem directamente nas eliminatórias da Liga Europa!
LIGA EUROPA
Elim. 1 e 2
Nº Jogo
Equipa
Equipa
1
KR Reykjavik (ISL)
IF Fuglafjordur (FAR)
2
Daugava (LAT)
Tromso (NOR)
3
Elfsborg (SWE)
Fola Esch (LUX)
4
TNS Llansantfraid (WAL)
Cliftonville (NIR)
5
Honka (FIN)
Kalju Nomme (EST)
6
Fulham (ING)
NSI Runavik (FAR)
7
IBV Vestamannayer (ISL)
St. Patrick’s Ath (IRE)
8
BK Hacken (SWE)
Kaerjeng (LUX)
9
Aalesund (NOR)
Neath FC (WAL)
10
Renova Dzepciste (MKD)
Glentoran (NIR)
11
Koper (SLO)
Sh. Karagandy (KZK)
12
Banga (LTU)
Qarabag (AZE)
13
Paks (HUN)
UE Santa Coloma (AND)
14
Rabotnicki Skopje (MKD)
Trans Narva (EST)
15
Rad Belgrado (SRB)
Tre Penne (SMR)
16
Buducnost Podgorica (MNE)
Flamurtari Vlore (ALB)
17
Ulysses Ierevan (ARM)
Ferencvaros (HUN)
18
Jagiellonia Bialystok (POL)
Irtysh Pavlodar (KZK)
19
FK Minsk (BLR)
Olimpyk (AZE)
20
Dínamo Tbilisi (GEO)
Milsami Orhei (MDA)
21
Varteks Varazdin (CRO)
Lusitans (AND)
22
Banants (ARM)
Rustavi (GEO)
23
Birkirkara (MLT)
Vllaznia Shkoder (ALB)
24
Siroki Brijeg (BiH)
Olimpija Ljubljana (SLO)
25
Spartak Trnava (SVK)
Zeta Golubovci (MNE)
Eliminatória 2
Vencedor jogo 22
Vencedor jogo 18
Suduva (LTU)
Vencedor jogo 3
Metalurg Skopje (MKD)
Lokomotiv Sófia (BUL)
Sant-Juliá (AND)
Bnei Yehuda (ISR)
Zeljeznicar Sarajevo (BiH)
Sheriff Tiraspol (MDA)
KuPS (FIN)
Gaz Metan (ROU)
Vencedor jogo 19
Gaziantepspor (TUR)
Iskra-Stal (MDA)
Vencedor jogo 21
Tauras (LTU)
ADO Den Haag (NED)
Vencedor jogo 10
Vorskla Poltava (UKR)
Juvenes/Dogana (SMR)
Vencedor jogo 14
Orebro (SWE)
FK Sarajevo (BiH)
Crusaders (NIR)
Vencedor jogo 6
Llanelli (WAL)
Vencedor jogo 20
Floriana (MLT)
AEK Larnaca (CYP)
Sh. Soligorsk (BLR)
FK Ventspils (LAT)
Vencedor jogo 16
Jablonec (CZE)
Vencedor jogo 1
MSK Zilina (SVK)
Mika Ashtarak (ARM)
Valerenga (NOR)
Vencedor jogo 24
Bohemians (IRE)
NK Domzale (SLO)
RNK Split (CRO)
Differdange (LUX)
Levadia Tallinn (EST)
KF Tirana (ALB)
Vencedor jogo 25
Vencedor jogo 17
Vencedor jogo 9
Metalurgs Liepaja (LAT)
Red Bull Salzburg (AUT)
Vencedor jogo 15
Olympiacos Volou (GRE)
Vencedor jogo 4
FC Midtjylland (DNK)
Kecskemeti (HUN)
FK Aktobe (KZK)
Vencedor jogo 8
Vencedor jogo 5
Gagra (GEO)
Anorthosis Famagusta (CYP)
FC Vaduz (LIE)
Vojvodina Novi Sad (SRB)
Rudar Pljevlja (MNE)
Áustria Viena (AUT)
Slask Wroclaw (POL)
Dundee United (SCO)
Vencedor jogo 11
Vencedor jogo 7
EB/Streymur (FAR)
Vencedor jogo 12
FH Hafnafjordur (ISL)
Nacional (POR)
Vencedor jogo 13
Vencedor jogo 2
TPS (FIN)
Westerlo (BEL)
Xazar Lankaran (AZE)
Maccabi Telavive (ISR)
Vencedor jogo 23
Thun (SUI)
A maioria dos clubes aqui presentes são desconhecidos do grande público, com as segundas linhas dos campeonatos abaixo das cinco grandes a entrarem nesta eliminatória. Destaque aqui para o Fulham, de Inglaterra, que recebe uma equipa das ilhas Faroe, o NSI Runavik, a 30 de Junho.
Da segunda divisão europeia surgem Gaziantepspor, da Turquia, que se deslocará à Bielorrússia ou ao Azerbaijão, o ADO Den Haag da Holanda vai ao Báltico, defrontar o Tauras da Lituânia, os ucranianos do Vorskla Poltava deslocam-se à Macedónia ou à Irlanda do Norte, enquanto o Nacional Madeira vai à Islândia!
Muitos jogos no fim de Junho e durante o mês de Julho para se observar, em confrontos fora da rota dos media mas que prometem equilíbrio, golos, excentricidade e alguma qualidade!