segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mundial sub20 Colômbia 2011 - Parte 4

Analisando agora o Mundial que acontece na Colômbia, em altitude, a partir de 29 de Julho, a Argentina apresenta-se como a mais titulada (6), o Brasil é o país que conta com mais presenças (falhou apenas o segundo, 1979). Em termos de balanço vitorioso, a América do Sul está bem à frente, contando com dez triunfos contra seis da Europa e um de África.

Já participaram 84 países em fases finais dos mundiais de sub20 e este é o sexto torneio onde o campeão não defende o título, depois de 1979 (URSS), 1983 (RFA), 1989 (Jugoslávia), 2001 (Espanha), 2009 (Argentina) e 2011 (Gana), sendo a primeira vez que acontece sucessivamente.

A Guatemala será o país número 85 a participar numa fase final de um Campeonato do Mundo de sub20. Em termos de média de idades, a selecção mais velha presente será a França, com uma média acima dos 20 anos (20,22), seguida da Espanha, também com valor superior a 20 anos (20,11), no inverso não surpreende a Nigéria (18,68 anos de média), a Coreia do Norte (19,00 anos) e os Camarões (19,13 anos), apesar de se saber a peculiar situação de registo de nascimentos em África!

Muitos dos nomes presentes são já conhecidos, jovens estrelas ascendentes do universo futebolístico, daí que vamos tentar abordar os outros nomes, começando pela Argentina, onde o central Hugo Nervo, forte nas sobras, com bom posicionamento em campo, pode ter nesta competição a oportunidade de dar o salto, tal como Lucas Villafañez, uma raridade, um jogador não só de fora da grande metrópole que é Buenos Aires, mas originário da Patagónia, estreando-se nos seniores com 15 anos, um destro que joga muito bem pela esquerda, baixo centro de gravidade, e que não ficará muito tempo no Independiente.

A Austrália, apesar da mudança para a AFC, continua a confirmar presenças em fases finais, no que confirma o bom trabalho de base que é realizado pelo Australian Institute of Sport. Ben Kantarovski repete a presença de 2009, sendo um médio defensivo que também joga a central ou defesa direito, estando já nos livros de história como o mais jovem jogador a assinar um contrato profissional com um clube da A-League, aos 15 anos, numa selecção onde pode bem despontar Terry Antonis, já ligado a diversos clubes europeus, não chegou a vir para a Europa devido às alterações dos estatutos na FIFA no que concerne aos contratos de menores de idade, mas é um criativo de qualidade superior - ao ponto de ter participado na série de vídeos que David Beckham realizou há alguns anos para ensinar a jogar futebol!

Na selecção austríaca vários dos convocados já têm presenças nas equipas principais contabilizadas. Como prestamos bastante atenção ao fenómeno globalização e às massas migratórias, destacamos Robert Zulj, croata-austríaco, avançado possante (1,89m), de grande presença física, capaz de danificar muitas defesas, melhor marcador do campeonato júnior local em 2010. Do Brasil, além dos jogadores que vêm para Portugal e de Alan Patrick, já na Ucrânia, destaque para o médio Casemiro, versátil, actua bem no meio e como interior, já com mais de 40 jogos no São Paulo, gosta bastante de subir no terreno e marca golos, além de poder também jogar como lateral direito, e Dudu, médio ofensivo, preferencialmente ala direito, mineiro, originário de uma boa escola que é o Cruzeiro, é um jogador difícil de marcar dada a sua pequena estatura, parece uma pulga!

Também repetente será o central camaronês Banana Yaya, merecedor de chamada aqui, quanto mais não seja, pelo seu peculiar nome. Está na linha dos centrais da África negra, capaz do melhor e do pior, mas um jogador bastante forte. Yazid Atouba é um esquerdino puramente africano, talento, velocidade, ligeira atrapalhação, toque de bola, pode ser uma surpresa esta pérola ainda em África.

A Colômbia terá no portista James a estrela, mas o médio centro Didier Moreno pode ser uma revelação, boa capacidade de passe, boa noção de ocupação de espaço, é um jogador não muito vulgar para os padrões dos médios da América do Sul. Pedro Franco é um central à colombiana, raçudo, vai a todas, ganhou títulos em quase todos os escalões na Colômbia, é um líder nato, daí ser o capitão da equipa,

Todos os olhos estarão em Joel Campbell, em relação ao seleccionado costa-riquenho, mas Francisco Calvo pode ser a grande surpresa, defesa central ou lateral esquerdo, surgiu na Copa América sem que ninguém o conhecesse, a história? A selecção costa-riquenha estava a preparar a taça continental da CONMEBOL e eis que um miúdo de férias com os pais aborda o seleccionador nacional, Ricardo la Volpe, e pede para manter a forma com os convocados, assim acontece e num ápice o técnico argentino percebe a pérola que tem ali, jogador no San Jacinto College, no Texas, ao mesmo tempo que estuda criminologia, são estes pequenos momentos que podem determinar toda uma carreira. Conheço casos, em vários clubes amadores portugueses, não tão poucos assim, onde esta situação foi recusada sem, sequer, observar o potencial da pessoa!

Na Croácia, fugindo aos vários atletas de renome na convocatória, como Kramaric, Obozic, Picak, Kelic, etc, chama-se a atenção para Jakolis, já com quase 50 jogos de liga principal croata, um avançado móvel, que joga em qualquer posição do meio para a frente, uma gazua, bom a abrir espaços e a criar situações de perigo para outros concretizarem, e para Ivan Blazevic, médio centro, bons pés, excelente visão de jogo, bom posicionamento táctico e chegada à baliza, vamos ver se tem tempo de jogo. Pelo Equador, Marlon de Jesus, avançado centro à antiga, boa capacidade de concretização, forte, alto, dava um bom defesa e mete medo aos adversários.

O Egipto volta a marca presença nos sub20, onde Gomaa pode ser o jogador a seguir, não actua nos dois grandes de Cairo, pertence ao ENPPI, estreando-se na equipa principal esta época, sob comando de Mladenov (o antigo avançado da selecção búlgara e do Belenenses), é um médio centro moderno, ainda em fase de crescimento, mas mais rápido, quer a nível motor, quer a nível mental, que os habituais jogadores da selecção principal. Pode ser o futuro box-to-box do Egipto, mas far-lhe-ia muito bem umas temporadas na Europa agora, nesta altura, em que ainda está nos 18 anos.

A Inglaterra será um enigma, uma selecção composta por terceiras escolhas depois de mais de uma dezena de jogadores ter sido requisitada pelos clubes para o início de época. Ainda assim, James Wallace, Wabara, Noble e McManaman são nomes que já têm cartel, chamando-se aqui a atenção para Saido Berahino, um anglo-burundiano, avançado centro, internacional inglês em todas as categorias, pertencente ao West Bromwich Albion, não muito alto, mas com boa presença e capacidade de concretização, não se espera que seja primeira escolha, mas pode saltar do banco e surpreender.

A França assenta o esqueleto nos jovens do Olympique Lyon, por isso há que chamar pelo menos um, talvez o menos conhecido, Enzo Reale, um líder em campo, pensador de jogo, médio ofensivo moderno, também pode jogar na faixa, que mais tarde ou mais cedo vai assumir papel na equipa principal. A este junta-se um tal de Fofana, que apenas tem Mourinho à perna, um forte médio defensivo do Le Havre (até este momento, pelo menos) e o franco-congolês Bakambu, rápido avançado à africana, um pouco trapalhão, como é normal, mas com um grande poder de fogo.

Na Guatemala, podemos nomear o mini Kevin Norales, 1,61 m, e um dez à moda antiga, baixinho, driblador, passador, rematador, pensador, claro que visto no domínio guatemalteco, pode aproveitar esta competição para chamar a si as atenções, apesar de ter o óbice da altura, tão em voga no futebol do século XXI.

Destaque no Mali para dois jogadores que actuam em França, o lateral esquerdo Boubacar Sylla, do Châteauroux, já com contrato profissional assinado, mas ainda com poucos jogos na equipa principal e na equipa B para se aquilatar sobre o seu verdadeiro potencial, e Ibrahima Diallo, pertencente ao Auxerre, avançado de 1,95 m, cuja altura diz tudo sobre o jogador, há que confirmar o valor com os pés, mas que o jovem marca golos, marca.

Ao ver este golo está quase tudo dito sobre Ulises Davila. Este miúdo mexicano vai dar que falar, capacidade de condução e de drible com ambos os pés, campeão nacional juvenil, remate pronto, se tivesse uma equipa ia buscar este miúdo! Taufic Guarch, mexicano-cubano, é também avançado, diferente de Davila, mas com bastante codícia pela baliza, não ponho todas as fichas nesta selecção, mas depois do êxito com os sub17, estes jovens têm condições para imitá-los e não vão querer ficar atrás, é uma selecção interessante.

Na Nova Zelândia, chamada de atenção para o nado em Inglaterra James Musa, defesa central que gosta bastante de fazer o gosto ao pé e à cabeça, que pode neste Mundial receber um bilhete de volta para a terra-mãe, digamos assim, e para o jovem de ascendência chilena Marco Rojas, já chamado à selecção principal, que se estreou na liga neo-zelandesa com 16 anos e na liga australiana com 17 anos, é um médio ala centro-esquerdo, mais um baixinho, característica cada vez mais rara no futebol actual, mas acima da média que tem constituído os últimos mundiais.

Pela Nigéria, além de Ahmed Musa e Sani Emmanuel, curiosidade para observar Philemon Daniel, mais um médio ala ao estilo de Babangida, baixo, rápido, ou pelo menos assim o descrevem. Do Panamá, destaque para Waterman, avançado móvel, e para o já internacional A Cummings.

Em Portugal, além do destaque negativo para o vaivém Roderick Miranda (não pelo jogador, mas pela atitude do seleccionador), utilizando o exemplo inglês, jogadores chamados pelos clubes foram simplesmente substituídos, e pela falta de respeito para com Ricardo Alves, o central chamado para ocupar a vaga de Roderick que, mesmo com a lesão de Aníbal Capela, ficou de fora das escolhas finais! Aparte esta triste situação, destaque para Caetano, cujo jogo é bastante parecido com o do pai, apesar deste extremo ser loirinho e não moreno, e para o avançado ex-varzinista Rafael Lopes, um dos valores da equipa, infelizmente, despromovida, que deixou cartel na Liga Orangina, a par de Salvador Agra e outros miúdos das escolas de formação poveira.

Na Espanha, Cristian Tello, extremo direito do Barcelona, também joga no meio e à esquerda, com passagens pelos escalões inferiores culés, dispensado em juvenil, foi brilhar no Espanyol, o que levou Guardiola a resgatá-lo de novo para o seu Barça em 2010, e Ezequiel, um andaluz, extremo esquerdo destro, que tem feito miséria na segunda liga espanhola, tendo saltado para a ribalta por uma grande penalidade apontada no Europeu de sub19 em 2010, que abaixo também se mostra, contra a Itália, numa simulação de batimento com a perna direita e execução com o pé esquerdo!
 
Por fim o Uruguai, onde Santiago Martínez, um médio ao estilo de Diego Pérez, Arevalo Ríos, Walter Gargano e afins, que promete dar que falar, esperemos que pela positiva, no jogo. Também Diego Rolan já foi referenciado como um talento em perspectiva, ficando a curiosidade de observar a capacidade de jogo.

A finalizar, uma curiosidade sobre os mais jovens. Presentes aqui estão Mbega, dos Camarões (outro futebolista sobre o qual há uma curiosidade a satisfazer), John Ruiz, de Costa Rica, Kuk Chol e Nam Kang Il (o mais jovem mundialista, com 16 anos e oito meses), da Coreia do Norte, Tim Payne e Basalaj, da Nova Zelândia, Almuwallad, da Arábia Saudita, poderiam ter participado no Mundial de sub17, têm idade para isso, com os dois neo-zelandeses a terem mesmo marcado presença no México!

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