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Análise das Ligas Europeias - Época 2010/11 - Parte 1

Entre muitos outros objectivos ou parâmetros de equiparação, pretende-se neste Observatório analisar e comparar dados estatísticos das ligas europeias de futebol. O projecto quer-se multidisciplinar mas, enquanto não avança efectivamente para esse patamar, vão-se deixando elementos de análise que poderão servir como ferramentas futuras para compreender a especificidade e particularidade de cada campeonato.

Naturalmente, os dados que aqui vêm constando escapam ao radar de analistas, especialistas, conhecedores e doutos da temática abordada, senão nem valeria a pena sequer pensar na ideia e tentar colocá-la em prática, apesar dos imensos obstáculos e dificuldades!

Destas primeiras análises constam 46 das 54 federações que compõem o universo UEFA, o que comprova o grande trabalho que se tem na aquisição, compilação e trato de todos os dados referentes a cada uma delas.
Assim, seguem abaixo alguns gráficos com dados gerais das ligas avaliadas.


O primeiro gráfico dá conta da média de golos por jogo em cada uma das 46 ligas sob escrutínio. Aqui, julga-se espectáculo versus profissionalismo versus cultura futebolística. Claro que muitos dos conhecedores defenderão que as ligas mais evoluídas, mais competitivas têm tendência a ter menos golos obtidos, uma percepção um tanto ou quanto errada. A obtenção de golos ou 'A primazia do golo' acaba por ter uma relação mais próxima com a cultura futebolística de cada nação ou de cada zona, obedecendo à evolução táctica que se privilegia.

Um outro factor que se pode associar, sem dúvida alguma, é o número de equipas que evoluem em cada campeonato, o menor número de equipas determina um maior conhecimento sobre cada uma o que pode resultar num número de golos crescente ou decrescente, em função da leitura que se faz do adversário, ou seja, explorar as suas fraquezas defensivas contra defender-se da sua superioridade ofensiva!

Não se pretende afirmar que a determinação goleadora de cada liga está única e exclusivamente ligada à cultura do futebol dessa nação, existem factores associados, directa e indirectamente, e não associados que contribuem para a situação. Para se aquilatar mais argumentativamente sobre a questão é necessário analisar a evolução dos campeonatos e contrapô-la com a evolução tácticas e as influências de determinados técnicos ou vagas de pensamento no futebol de cada nação.

A conclusão que se pode retirar deste gráfico, referente à época que findou há dois meses, é que no Báltico se marcam muitos golos. Os três campeonatos têm uma média superior a três golos por jogo, com a Lituânia a liderar a concretização nas ligas europeias (3,43), a Estónia (3,20) e a Letónia (3,08), bem acompanhados por Islândia (3,33 num campeonato que conta apenas com 22 jornadas), Luxemburgo (3,36), que foi uma surpresa relativa, tendo em conta que há 15 ou 20 anos era uma liga onde escasseavam os golos e cuja ofensividade não será alheia à crescente influência das comunidades imigrantes no país.

Dos campeonatos ditos de topo sobressai naturalmente a Holanda, em quarto lugar (3,23), que percebeu há alguns anos a forma (ou fórmula) para ter os estádios cheios, mesmo com custos a nível europeu, o futebol ofensivo, onde a corrente técnico-táctica, bem apoiada pelas estruturas directivas, tem reforçado a componente ofensiva em detrimento da defesa, daí que muitos dos especialistas do jogo em si não sejam apreciadores dos centrais holandeses actuais e dos defesas em geral. A abordagem ao jogo nas ligas holandesas deveria ser um exemplo e o facto de no Báltico se ter um índice de concretização tão alto não pode ser dissociado da forte presença holandesa no desenvolvimento das ligas locais.

Em relação às cinco grandes ligas, para quem conhece a liga alemã e as recentes alterações dentro da Bundesliga, não espanta que esta esteja na frente das cinco. Também os germânicos perceberam a importância do espectáculo e dos golos para o público, conhecedor e amante de desporto, tendo ao mesmo tempo a noção do potencial do produto de que dispõem e objectivando actualmente destronar a Premier League na liderança global de ligas de futebol! A Inglaterra e a Espanha não se encontram muito longe dos alemães e até aqui lutam pela preponderância futebolística, compreendo-se depois o porquê da menor presença de público e quebra de poder nos campeonatos francês e italiano, ou uma das razões para tal, menor número de golos!

O futebol científico, criado a leste, muito mecânico, sem espaço para brilhantismos individuais sempre previlegiou o rigor defensivo, o que se repercute hoje em dia na menor capacidade concretizadora ou maior habilidade defensiva, para quem preferir, das ligas do leste europeu, dos balcãs, com as excepções bálticas, já identificadas antes, a Hungria - pátria esquecida ou ignorada do futebol total - e a Eslovénia, com grande influência magiar e alemã. A Ucrânia vem saíndo deste estigma, muito à custa dos criativos sul-americanos que têm inundado os campos desta nação, elevando não apenas a qualidade do campeonato local mas contribuíndo decisivamente para o sucesso do Shakhtar Donetsk a nível europeu.

Portugal queda-se por um pobre 34º, o que é demasiado mau para um campeonato que se diz de primeira linha europeia. De há uns 20 anos para cá que nos queixamos da falta de avançados de raíz, contando-se pelos dedos das mãos o número de avançados lusos na Liga Zon Sagres, o que não melhorou - se é que estava pior - com a importação quase cega de avançados brasileiros, essencialmente, cuja capacidade técnica individual acaba por se perder dentro do elevado grau de desperdício em termos de concretização!  

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