Continuando o périplo pela história dos Mundiais de sub20, chegamos a um dos grandes momentos da história do futebol português. Arábia Saudita - 1989, Riade, e eis que um país sem grande tradição na formação arrebata o título mundial da categoria, muito à custa de alguém com uma visão muito à frente do seu tempo, depois seguida, apreendida e desenvolvida um pouco por todo o mundo, Carlos Queiroz levou Portugal ao topo do mundo futebolístico, num torneio que serviu também para lançar a nossa grande estrela escondida, João Vieira Pinto, o maior talento da sua geração cuja má experiência em Madrid limitou o que poderia ter sido uma carreira universalmente famosa, perdendo um pouco a dimensão internacional que teria sem dúvida alcançado, como Figo ou Rui Costa conseguiram, se tivesse apostado em emigrar! A vitória final foi também um feito, pois contou com a presença de uma selecção africana, a Nigéria, a quem se augurava o domínio futuro do jogo - ainda por alcançar - 2-0 foi o resultado, com golos da ala direita, Jorge Couto e Abel Silva!
O melhor jogador, ainda assim, foi Bismarck e o melhor marcador Oleg Salenko, que repetiria a façanha num Mundial sénior, 1994, um feito único até hoje, ser melhor marcador dos mundiais de sub20 e sénior. Em termos de nomes mais sonantes do jogo, a Checoslováquia tinha Jiri Novotny, Majoros e Latal, a Nigéria contou com Mutiu Adepoju (carreira em Espanha), Portugal levou Brassard e João Vieira Pinto, bicampeões em 1991, Paulo Alves, Paulo Madeira, Fernando Couto, Valido, Folha, Hélio, numa selecção que não contou com Vítor Baía, chamado à altura à baliza portista por via da lesão de Mlynarczyk, no que seria o início da brilhante carreira do guardião! Bermúdez (Benfica) pontificou na defesa colombiana, com Córdoba na baliza, Santa na direita e Ivan Valenciano na frente, pela Costa Rica surgiu o guarda-redes Porras e Ronald González, a URSS tinha Nikiforov (companheiro de Paulo Bento no Oviedo), Tetradze, Viktor Onopko e Kiriakov. O Brasil apresentou-se com Carlos Germano nas redes e Marcelinho 'pé-de-anjo', além de Leonardo (sim, o actual director-desportivo do PSG, ex-técnico de Milan e Inter) e Assis (Sporting CP, E. Amadora, irmão do Ronaldinho Gaúcho), a RDA levou Steffen Freund e os EUA tinham Kasey Keller (agora a titular). Pela Argentina surgiu Bonano e Diego Simeone, na Noruega pontuavam Henning Berg, Bjornebye, Tore Pedersen, Bohinen, Strand e Leonhardsen, a Espanha tinha Ferrer, Cañizares, Lasa, Urzaiz e Larrainzar, além do futuro internacional andorrenho Justo Ruiz.
Em 1991, no nosso Mundial, de bancadas cheias, recorde de assistência na final - 127 mil almas - entre Portugal e Brasil, que os lusos venceram nas grandes penalidades, copiando o feito dos canarinhos, ao conseguirem defender o título conquistado dois anos antes. A estrela da prova foi Emílio Peixe e o melhor marcador Cherbakov (que sofreu o infeliz acidente de viação que o deixou numa cadeira de rodas quando representava o Sporting CP).
Este Mundial foi histórico por outra situação, pela primeira vez (e única, até à data) a Coreia apresentou-se com uma selecção única, numa altura em que se acreditava estar a caminhar para a unificação dos países...
A Argentina apresentou-se com uma equipa indisciplinada, lembro-me das contínuas expulsões, onde se destacaram à posteriori Pochettino, Mauricio Pellegrino, Juan Esnaider e Marcelo Delgado, Paz e Mogrovejo (FC Porto) passaram ao lado do que poderia ter sido uma carreira interessante. Em Portugal, além de João Vieira Pinto, Figo e Rui Costa, também Abel Xavier, Nélson, Tulipa, Capucho, Paulo Torres, Jorge Costa e Rui Bento construíram sólidas carreiras no mundo da bola, Na República da Irlanda destaque para Derek McGrath, pelo Brasil veio Roberto Carlos, acompanhado de Élber (tinha-se dedicado ao futebol de 11 oito meses antes, jogava futsal!) e Paulo Nunes. Impressionaram-me o guarda-redes Roger Noronha, o central Andrei e o médio Djair, esperava que tivessem ido mais longe! Da Suécia, os grandes nomes do futuro que vieram foram Alexandersson e o central Patrik Andersson, da Austrália Mark Bosnich, Paul Okon-Engsler, David Seal e Kalac, o grande guardião egípcio Nader el Sayed. pela Comunidade de Estados Independentes (CEI, herdeira da URSS na transição) tivemos Mikhailenko, But, Cherbakov, Pomazoun, em Trinidad e Tobago 'só' estava um tal de Dwight Yorke, pela Inglaterra tivemos Ian Walker, Andy Cole, Scott Minto (Benfica), Chris Bart-Williams, enquanto a Espanha tinha uma linha ofensiva composta por Cuéllar, Pier e Urzaiz, com Óscar García, um dos irmãos que actuou no Barcelona (Roger e Genís), no apoio, e o Uruguai trouxe Paolo Montero, Diego Dorta, Tais, Dario Silva.
Em 1995 o Mundial regressou à Austrália, num torneio para esquecer em termos lusos, apenas me recordo de ver os jogos em plena madrugada com os jogadores portugueses a actuarem de cara pintada, na zona ocular principalmente, devido ao elevado calor, e a não passarmos da fase de grupos. O Brasil bateu o Gana na final por 2-1, conquistando o terceiro título, numa geração da qual também esperava muito mais. O melhor jogador foi Adriano e diversos futebolistas marcaram três golos.
Pelos anfitriões actuou Craig Moore (longa carreira no Glasgow Rangers), Agostino e Milicic, nos Camarões o malogrado Marc-Vivien Foe, Pius Ndiefi, Rigobert Song e David Embe (Belenenses), a Colômbia contou com Henry Zambrano, a Rússia estreou-se com Beschastnykh, e a Alemanha unificada apresentou Carsten Ramelow, Dietmar Hamann e o luso-alemão Thomas Reis, pelo Gana surgiram Nii Lamptey (tão promissor), Augustine Ahinful (União Leiria), Emanuel Duah (U. Leiria), Charles Akonnor e Samuel Kuffour enquanto Portugal, com Agostinho Oliveira no comando, tinha Costinha na baliza, Pedro Henriques, Hugo Costa, Ricardo Nascimento, Tonanha, Poejo, Porfírio, Paulo Ferreira (extremo, não confundir), Bambo, o loirinho Andrade e a promessa nunca confirmada Sérgio Ribeiro, o Uruguai contou com Tabare Silva, Fabian O'Neill ou Gabriel Álvez, de Inglaterra viajaram David Unsworth, Nick Barmby, Bart-Williams (repetente) e Nicky Butt; Emre Asik e Kocabey representaram a Turquia e nos EUA estavam Berhalter, Miles Joseph e Zavagnin. No Brasil Yan e Gian ficaram bastante aquém do que prometiam, numa selecção com Dida, Argel, Marcelinho Paulista e Mário Jardel, no México já chefiava a defesa Davino, a Noruega tinha Myhre e Petter Rudi como figuras futuras e Obeid Al-Dosari comandava a Arábia Saudita.
O Mundial de 1995 voltou ao Médio Oriente, desta feita ao Qatar, com Portugal a regressar ao pódio, com o terceiro lugar, tão esquecido e ignorado, dados os dois títulos anteriores. Daqui se infere que o mundial do Qatar pode ser fantástico para as cores lusas. A Argentina obteve o segundo título, vingando a derrota ante o Brasil na categoria dez anos antes, 2-0 foi o resultado da final. O melhor jogador foi Caio e quem ganhou a bota de ouro foi Etxeberría de Espanha. Este Mundial ficou marcado também pela preparação de bolas paradas que Portugal tinha, que culminou num golo resultante de um livre lateral, onde os dois jogadores que iam marcar simulam um desentendimento para rapidamente colocarem a bola na área onde alguém cabeceia sem marcação... hilariante, eficaz e, sem dúvida, muito bem ensaiado.
Caio, eleito o melhor jogador, fez uma boa carreira no Brasil, mas a passagem por Itália logo após o Mundial condicionou um pouco uma maior dimensão e reconhecimento da sua qualidade, um pouco à semelhança de João Vieira Pinto, Zé Elias, Denilson (Bétis) e Luizão foram os que maior nome ganharam depois da competição pela selecção canarinha, Semak, Khokhlov, Demchenko e Igor Gusev surgiram pela Rússia, Donoso, Jorge Vargas, Dante Poli, Sebastian Rozental e Uribe (Benfica) pelo Chile, Hidetoshi Nakata e Morioka no Japão; a Espanha apresentou-se com Michel Salgado, Ivan de la Peña, Roger García, Joseba Etxeberría, Morientes e um 'tal' Raul González, pela Argentina de Pekerman vieram Sorín, Ibagaza, Biagini e Federico Domínguez, as Honduras tinham a estrela Amado Guevara, a Holanda trouxe Landzaat, Wooter, Musampa e Wilfred Bouma, na Austrália pontificavam Mark Viduka, Josip Skoko e o luso-descendente Robert Enes e Portugal tinha Quim na baliza, Beto como central, ao lado de Alfredo Bóia, Mário Silva e Mariano na esquerda, Rui Óscar na direita, Jorge Silva à frente, Dani (o 10 que nunca foi), Madureira, Edgar Ribeiro (meu companheiro de infância que também podia ter ido tão mais longe), Ramires (hoje no Luxemburgo), Agostinho (extremo esquerdo, lembram-se), Bruno Caires e Nuno Gomes!
Em 1997 manteve-se a Oriente, desta feita na Malásia, com a prova a passar de 16 para 24 selecções. Numa final novamente envolvendo apenas países da América do Sul, a Argentina tornou-se na terceira selecção a defender o título conquistado, triunfando sobre o Uruguai por 2-1, com Nicolas Olivera dos charrua a ser eleito o melhor jogador do torneio e o melhor marcador a ser Adailton, do Brasil, com 10 tentos.
A Bélgica apresentou-se com Gillet, Carl Hoefkens e Tom Caluwe, por Marrocos vieram Tarik Sektioui (Marítimo, FC Porto) e Adil Ramzi, no Uruguai Gustavo Munua, Rivas, Pablo García, Fabián Coelho, Zalayeta, Lembo, Regueiro e Carini, pelo Brasil Helton (sim, o actual guardião do FC Porto), Alex (Fenerbahce) e Roni (mais um jogador promissor que falhou a carreira), na França Landreau, Sagnol, Silvestre, Gallas, Thierry Henry, Trezeguet, Daniel Moreira (luso-francês), Christanval, Anelka (quase se perguntaria, como não foram campeões?), pela África do Sul Benny McCarthy e Hartley (V. Setúbal), Li Weifeng na China, Appiah, Ofori-Quaye e Baba Sule pelo Gana, Damien Duff estrelava os irlandeses, enquanto Sascha Victorine, John O'Brien, Ben Olsen e Josh Wolff estavam no seleccionado norte-americano. A Costa Rica apresentou-se com as futuras estrelas Froylan Ledezma, Carlos Carlos, Solis, Chinchilla, Bryce, Bolanos e Douglas Sequeira e no Japão Miyamoto, Fukuda, Hiroyama (SC Braga) e Nakamura brilhavam.
Pelo Paraguai defendia Justo Villar, com Paulo da Silva e César Ramírez (Sporting CP), a Espanha tinha os valencianos Angulo, Farinós, Albelda, Curro Montoya e Gerard, além de Lacruz ou Deus (SC Braga), pela Argentina actuaram Leo Franco, Cufré, Walter Samuel, Cambiasso, Riquelme, Romeo, Pablo Aimar, Diego Placente ou Romero, na Austrália Brett Emerton, Hayden Foxe, Lucas Neill e Grella, pelo Canadá Paul Stalteri e Dwayne DeRosario; Bonaventure Kalou na Costa do Marfim, além de Matthew Upson, Danny Murphy, Jamie Carragher, Kieron Dyer e Michael Owen nos ingleses. Um Mundial marcado por níveis de humidade altíssimos, que resultaram mesmo em estudos mais aprofundados sobre o assunto dentro da comunidade desportiva e científica mundial.
1999 marcou o ano de estreia de África na organização deste evento, com a Nigéria a receber 23 selecções para aquele que esperavam ser o seu Mundial. No entanto, venceu a Espanha com um 4-0 final ao Japão, no auge da reorganização das selecções hispânicas, obra de Santisteban. O melhor jogador foi o actual barcelonista Seydou Keita, com Dissa e Pablo a terem cinco golos cada no final do torneio.
A Costa Rica tinha Gilberto Martínez, Alexander Castro e Winston Parks no quadro, pela Alemanha viajaram Hildebrand (Sporting CP) e Enrico Kern, os anfitriões tinham Samuel Okunowo (Benfica), Haruna Babangida, Pius Ikedia, Rabiu Afolabi, Julius Aghahowa e Joseph Yobo, no Paraguai Paulo da Silva voltou a marcar presença, com Jorge Brítez (SC Braga, Moreirense) e o trio ofensivo Roque Santa Cruz, Nelson Cuevas e Salvador Cabañas, os argentinos tinham Gaby Milito, Cambiasso (outro repetente, aqui nos anos perdidos de Real Madrid), Duscher (Sporting CP), Farías (FC Porto) ou Insúa, a Croácia estreou-se contando com Pletikosa, Seric, Vranjes e Budan, no Gana estavam Sammy Adjei, Kingston, Appiah e Ofori-Quaye (outros repetentes), o Casaquistão também se estreou com David Loria (actual titular da baliza), Kuchma, Travin e Aliyev, a Austrália também voltou a contar com Emerton, Grella, acompanhados por Jason Culina e Mark Bresciano, o México levou Rafael Márquez, Gerardo Torrado e Daniel Osorno; Damien Duff também voltou a participar, aqui com Robbie Keane na frente.
Pelo Mali, além de Keita, Adama Coulibaly, Mahamadou Diarra, Bagayoko e Abdou Traoré estiveram na Nigéria, Portugal tinha Sérgio Leite na baliza, Ricardo Sousa como 10, Marco Caneira, Hugo Leal, Ricardo Esteves, Paulo Costa, Simão Sabrosa, Luís Filipe, Neca, Marco Cláudio, Alhandra ou Filipe Anunciação, sendo eliminado nos oitavos, em penalties, pelo futuro finalista Japão, ficou a noção de que se poderia ter ido mais longe, faltou ambição a Jesualdo Ferreira. O Uruguai voltou a contar com Carini, acompanhado por Sorondo, Diego Pérez, Chevantón, Canobbio e Diego Forlán, os Camarões tinham Kameni, Idrissou, Kome e Modeste Mbami, por Inglaterra viajaram Ashley Cole, Peter Crouch, Andrew Johnson e Stephen Wright, o Japão contou com Inamoto, Ishikawa, Endo, Koji Nakata, Shinji Ono e Nimani, os EUA com Cherundolo, Bocanegra, Gibbs e Twellman, o Brasil tinha Júlio César (Inter), Juan (AS Roma), Fábio Aurélio, Ronaldinho Gaúcho, Matuzalem, Mancini e Geovanni (Benfica), nas Honduras pontificava Izaguirre, com David e Maynor Suazo, Milton Palacios e Julio Leon, a Espanha campeã contou com Aranzubia, Marchena (Benfica), Pablo Orbaiz, Gabri, Xavi, Couñago, Yeste, Barkero e Iker Casillas, enquanto a Zâmbia apresentou-se com a estrela Andrew Sinkala.
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