Apresta-se para começar mais uma edição do Mundial sub20, naquela que será a 18ª edição do certame, iniciado oficiosamente em 1977 com triunfo soviético.
Os dois grandes dominadores da prova, Argentina (6 triunfos) e Brasil (5 vitórias, detentor do troféu), estão fora desta fase, falhando a qualificação na América do Sul com duas equipas teoricamente bem fortes, numa surpresa, o que diz muito do que pode ser esta prova.
A Espanha é ultrafavorita, inevitável face aos sucessos de todo o futebol de 'nuestros hermanos', surgindo numa segunda linha Portugal, França e Colômbia. O México, que apenas traz cinco dos campeões do mundo de sub17 2011, também deve ser considerado, assim como as sempre imprevisíveis selecções africanas. A organizadora Turquia não quererá fazer má figura e há sempre que contar com surpresas.
Este Mundial também será um confronto, como habitual, de estilos, de escolas. Por um lado teremos um futebol mais físico de formações como Inglaterra, Grécia, Nova Zelândia, EUA, Usbequistão, Austrália, mais técnico de Espanha, Portugal, Croácia, Turquia, Iraque, uma mescla de ambos na França e nas selecções da África Negra, a velocidade sul-coreana, o jogo muito particular egípcio, a raça das sul-americanas, particularmente a uruguaia, mas também a colombiana e chilena, ao passo que a paraguaia deverá manter o estilo mais italiano da América do Sul, e as incógnitas Cuba e El Salvador.
Com uma prova a 24, passando 16 para a fase a eliminar, todos os favoritos têm uma confortável margem na fase de grupos que, como já o defendemos antes, faria mais sentido a seis, ao invés de se apurar melhores terceiros em grupos condicionados pela desigualdade de valores.
Algumas das selecções presentes trazem trabalho de trás, com elementos do Mundial de sub17 2011, os campeões em título, México, não têm Fierro mas contam com elementos como Richard Sánchez, Briseño, Flores, Espericueta ou Bueno, a Nova Zelândia têm sete futebolistas que estiveram no México'11, o mesmo número do Uruguai, enquanto Usbequistão conta com seis. EUA, Inglaterra ou França optaram por trazer um grosso de jogadores de 1993, ou seja, abdicam da geração sub19.
Quando vemos um evento para camadas jovens bienal, não podemos deixar de pensar em todos os que, nascendo no ano seguinte, neste caso em anos pares, têm menos oportunidades de entrar nas escolhas, algo que sucede também nos sub17, não existindo ainda um Mundial de sub15, que seria também um evento interessante. Nisso há que elogiar a UEFA, ao ter os seus europeus 'jovens' de forma anual, para que todos os anos haja a oportunidade de entrar numa fase final para cada 'ano'.
Dos 504 futebolistas inscritos, perto de 14 por cento actuaram fora do seu país na época que agora findou, destacando-se os salvadorenhos com oito elementos 'estrangeiros', sete dos EUA e seis na Turquia, Austrália e Nova Zelândia, em contraponto com Cuba, Grécia, Iraque e Usbequistão, sem qualquer elemento a jogar fora do país.
Em relação aos apuramentos continentais, também ocorreram várias alterações em algumas das selecções presentes. Lista-se entre parêntesis o número de futebolistas que estiveram nos apuramentos/fases finais continentais mas não entram na fase final.
Austrália (8), Chile (5), Colômbia (3), Croácia (9), Cuba (1), Egipto (4), El Salvador (7), Inglaterra (10), Gana (8), França (7), Grécia (4), Iraque (7), Coreia do Sul (7), Mali (7), México (3), Nigéria (5), Paraguai (4), Portugal (4), Espanha (8), Uruguai (5), EUA (4), Usbequistão (7).
Austrália (8), Chile (5), Colômbia (3), Croácia (9), Cuba (1), Egipto (4), El Salvador (7), Inglaterra (10), Gana (8), França (7), Grécia (4), Iraque (7), Coreia do Sul (7), Mali (7), México (3), Nigéria (5), Paraguai (4), Portugal (4), Espanha (8), Uruguai (5), EUA (4), Usbequistão (7).
O Grupo da morte é claramente o A, com França, Espanha, Gana e EUA, três delas candidatas ao título.
A França é a selecção mais madura deste campeonato, habitual nas escolhas gaulesas, seguir a 'lei' do mais velho, apenas entrando um jogador de 1994, Kurt Zouma. Também normal é a forte influência africana nos gauleses, com algum aroma caribenho e, nesta equipa em particular, filipino, apesar de somente dois dos 21 terem nascido fora do país, Lemina no Gabão e Umtiti nos Camarões.
Liderados por Paul Pogba, poderoso médio com capacidade de recuperação, transporte, entrega e finalização bem acima da média, os franceses têm uma base muito forte, apesar das alternativas poderem deixar algo a desejar.
Além do possante médio da 'Vecchia Signora', o miolo gaulês deverá ter Kondogbia, contratado pelo Sevilha ao Lens e que se assenhorou do centro do terreno andaluz, podendo Veretout entrar a titular contra a Espanha, reforçando a capacidade de luta, mas com Ngando e Thauvin à espreita de um lugar, caso Mankowski tenha ideias mais ofensivas, naquela que é a zona do terreno onde os franceses se mostram mais fortes e com mais soluções.
Se Mankowski optar por utilizar uma linha de três na frente, a escolha deverá recair em Yaya Sanogo, já 'pescado' por Wenger, com Bahebeck a descair para a faixa e Bosetti a surgir no outro flanco. Não será estranho, contudo, observar Thauvin a surgir mais à frente, numa ala.
Thauvin, que esteve no Bastia em 12/13 por empréstimo do Lille, é o nosso jogador a acompanhar desta selecção, ofuscado por Pogba, mas com um talento excepcional.
Falar da Espanha é tocar no favorito. Do Europeu de sub19 2012, que ganharam, não estão o lateral esquerdo 'culé' Grimaldo, futuro lateral da principal equipa do Barcelona, o basco-angolano do Athletic Jonas Ramalho, o fantástico miúdo do Málaga Juanmi e o galego Pablo Insúa do Deportivo, além do guardião basco Kepa. Muito talento fora da lista, que conta com o sublime Deulofeu, com o jovem por quem suspira Jorge Mendes, Oliver, além da futura estrela madridista, Jesé e da classe de Suso, de Denis Suárez ou Paco Alcácer.
A nossa escolha vai, no entanto para Campaña. Se a França tem Kondogbia, a Espanha tem o outro dínamo do meio-campo do Sevilha e o confronto entre as duas na primeira fase será interessante por essa situação também.
Além de Campaña, há dois jogadores para olhar com atenção, além dos supracitados, Bernat, chamado já à primeira equipa valenciana, não deverá ser primeira escolha mas pode abanar qualquer jogo em que entre.
Além de Bernat, salientamos o mais jovem dos Ñiguez, irmão de Aaron, das escolas do Atlético, também para ver, caso tenha oportunidade de se mostrar, olhando a que não deverá ser titular na equipa.
De referir que esta Espanha, ao contrário da selecção francesa, conta com cinco futebolistas de 94 e o 'caçula' Gayá, que deverá liderar a próxima geração, das escolas do Valencia, nascido em 1995.
O Gana é, também, candidato, contando para este Mundial com diversos elementos que não utilizou no CAF de sub20, que trazem a dose de experiência necessária. Elementos como Duncan, libertado do vínculo com o Inter Milão, que será uma das cobiças do Verão, especialmente se fizer um bom Mundial, como Acheampong do Anderlecht, Pappoe das reservas do Chelsea, de Baba do Greuther Furth, ou Boakye que esteve no Sassuolo.
Boakye é a nossa escolha para acompanhar, limitada pelo menor conhecimento do talento que ainda está no Gana, em maioria nesta convocatória.
Outros jogadores a acompanhar, típico médio africano é Salifu Seidu, ainda no Gana, no Wa All Stars, que poderá rumar à Europa no Verão, tal como Lawrence Lartey, central do Ashanti Gold, entre outros futebolistas, que dependerão da sua própria performance nesta competição.
O Gana conta com oito jogadores de 94, três de 95, que ainda poderão participar no próximo Mundial e um miúdo de 16 anos, Moses Odjer.
Com uma das antigas estrelas do 'soccer' norte-americano no banco, um luso-descendente por sinal, Tab Ramos, esta é a selecção de futebol norte-americana mais hispânica de que nos lembramos, apesar de todos já nascidos nos EUA, essencialmente no Texas ou na Califórnia, são 13 nomes de raíz hispânica, a maioria com pais oriundos do México.
No plano teórico, os EUA serão os últimos do Grupo A, mas com o talento de que dispõem podem ser uma das equipas a causar surpresa e deixar pelo caminho alguma candidata logo na primeira fase.
Luis Gil será a estrela da companhia, ou não usasse a '10', já com experiência de MLS, numa selecção que mescla jogadores das academias dos clubes norte-americanos, ou europeus, futebolistas nas universidades e talentos já nas principais formações da Major League Soccer.
Além do criativo, que actua no Real Salt Lake, há o finalizador, Villarreal dos Galaxy.
O jogador a acompanhar, contudo, é o médio de Caixinha, Hector Benjamin Joya, uma jóia como o próprio nome indica, entre vários outros jogadores que a MLS e a Liga MX irão promover e ver crescer nos próximos anos. Para que se perceba a qualidade potencial do miúdo, a alcunha é 'Benji' Joya, não apenas pelo nome Benjamin, mas também pela associação aos famosos desenhos animados japoneses.
GRUPO B - Cuba, Coreia do Sul, Nigéria, Portugal.
Portugal já é sobejamente conhecido e tem que ser considerado favorito para vencer este grupo, numa discussão com a Nigéria, não devendo Cuba fugir da derradeira posição e a Coreia do Sul tentará alguma graça e, pelo menos, o apuramento como um dos melhores terceiros.
Olaitan é o 'consagrado' nigeriano, já a jogar na Europa, campeão grego com o Olympiacos, contando com dois elementos não associados a qualquer clube, Pyagbara e Moses Simon, dois entre os vários que buscam uma 'viagem' além do Mundial.
Um dos nomes a reter é Uche Henry Agbo, que deverá acompanhar Olaitan no meio-campo das 'Super Águias', mas o nosso nome a acompanhar é o '9' da equipa, Olarenwaju Kayode, avançado que se pode afirmar no contexto europeu, sem medo de choque, com boa finta e excelente capacidade de antecipação.
A Coreia do Sul é o que se conhece, veloz, mas agora com várias torres, de trás para a frente, três guarda-redes a rondar o 1,90 m, tal como os dois centrais e o avançado centro, algo que aliado à tradicional velocidade nas faixas pode ser perigoso para as hostes oponentes.
Kim Hyun, o 9, será para estar atento, tal como o médio Lee Changmin, mas o nosso destaque vai para o criativo do Suwon Bluewings, Kwon Changhoon.
De Cuba fica o total desconhecimento.
GRUPO C - Colômbia, Turquia, Austrália, El Salvador.
A Colômbia é favorita do grupo, onde a Turquia quererá assegurar a 2ª posição e a Austrália não deverá permitir El Salvador deixar de ser último. A Austrália conta com dois nomes lusos, Corey Gameiro, o 10 da equipa, e o mais jovem do campeonato Daniel de Silva, de 16 anos, nascido em 1997!
Claro que são dois nomes a acompanhar, a par de Terry Antonis ou Ryan Williams, numa formação que carece de alguma consistência.
Da Colômbia todos esperam grandes feitos de Quintero, cobiçado por diversas formações e já a jogar em Itália, mas há que olhar, por exemplo, para 'Coco' Perea, um matador na linha de Jackson Martinez, sedento de bola, com olho na baliza e de remate fácil, nome interessante para quem há pouco falava da necessidade de um avançado que misturasse Cardozo e Martinez...
A defesa colombiana também tem nomes interessantes, Balanta é um central que se impõem pelo ar, pujante, rápido, forte, ligando bem com o médio defensivo Palomeque, outro jogador para acompanhar com atenção, bem nas coberturas e nos equilíbrios.
A Turquia prossegue o actual projecto, apostando não apenas nos talentos locais, mas cada vez mais na diáspora, especialmente os que se encontram na Alemanha. Nos 21, cinco nasceram na Alemanha, dois na Bélgica e um na Áustria, o mais mediático do grupo, Kerim Frei do Fulham. Contudo, há outros nomes a reter, como o médio Calhanoglu ou o avançado dos jovens do Leverkusen, Sinan Bakis.
A ala direita será bem engraçada, com Fatih Turan do Fortuna Sittard e Alpaslan Ozturk, cuja boa temporada no Beerschot valeu-lhe a mudança para o Standard Liége, no entanto há dois ou três nomes que jogam na Turquia a fixar, o médio do Fenerbahce Salih Uçan, o canhoto Halil Akbunar, o defesa Ahmet Çalik e o médio defensivo Taskin Calis.
GRUPO D - México, Grécia, Paraguai, Mali - um grupo muito aberto, com três selecções que se esperam de contenção e o favorito México, que se pode dar mal por ter que assumir o jogo nos três desafios da fase de grupos.
O México tem alguns talentos, agora 'descoberto' pela Europa. Uma liga muito forte e poderosa financeiramente que apenas agora começa a ser olhada de outra forma, mas sempre com nomes interessantes, aqui Bueno, Espericueta, Corona ou o capitão 'Pollo' Briseño serão para guardar.
Na Grécia estão presentes Diamantakos, Ballas, Giannakopoulos, Lykogiannis, Kourmpellis, Bakasetas, Stafylidis, Triantafyllopoulos, jogadores já com tarimba de liga helénica, mas onde faltam Mavrias, Katidis ou Bouzas.
Chamamos, no entanto, a atenção para Giannis Gianniotas, avançado do Aris relativamente baixo mas com uma noção de posicionamento bastante boa para a idade.
O Paraguai chega com alguns elementos ligados a clubes portugueses, ou cobiçados por estes, entre Correa, Derlis Gonzalez, Rojas ou Almiron, destacamos o rotativo Robert Piris e o avançado Brian Montenegro como nomes a seguir.
GRUPO E - Chile, Egipto, Inglaterra, Iraque - um grupo bem interessante também. A Inglaterra tem o nome mas bem poderá ter dificuldades para, sequer, passar a fase de grupos, com um Iraque a ter na formação miúdos que ainda agora actuaram pela principal selecção ante a Austrália, com rodagem, o Egipto a contar com a força concretizadora do vila-condense Hassan e alguns talentos por detrás e um Chile sempre pronto a oferecer um novo talento.
O Chile tem nomes como Castillo, Henriquez, Rabello, Lichnovsky, Bravo ou Maturana, deixamos o nome de Felipe Mora, o '9' da 'roja' e do Audax Italiano, para ser acompanhado.
O Egipto conta com a pérola Saleh Gomaa, um '10' que pode ser grande, além de Wahid Mahmoud, Hossam Galy ou 'Trezeguet'.
No Iraque é o miúdo Humam Tariq Faraj, nascido em 1996 e já com mais de 10 jogos na selecção A, que desperta todas as curiosidades, ofuscando todos os restantes.
GRUPO F - Croácia, Uruguai, Nova Zelândia, Usbequistão - A Croácia um tanto ou quanto desfalcada, terá de lutar com o Uruguai pela liderança do grupo, neo-zelandeses deverão ficar-se pelo 4º lugar enquanto os usbeques espreitarão uma surpresa.
Marko Livaja é o cabeça-de-cartaz croata, secundado por Ante Rebic, com uma boa época no RNK Split, Dario Canadija, Calusic ou Mrzljak, escolha já de Ivkovic no Lokomotiva Zagreb, mas optamos por chamar à atenção Milicevic, médio 'defensivo' à leste-europeia, com chegada à área contrária, perna e passada longa, capacidade de domínio e controlo com ambos os pés, boa visão de jogo, bom cabeceador, nascido na Bósnia mas internacional pela Croácia, estranhamente ainda no Zrinjski Mostar, mas o salto estará próximo.
Laxalt, Rolan, Varela, Cristóforo, Cubero, Gaston Silva, de Arrascaeta, Bueno são nomes de miúdos com tudo para singrar no futebol internacional, por isso é de esperar que o Uruguai faça uma boa campanha neste Mundial, depois de terem estado abaixo do esperado no Sudamericano.
Destacamos um outro elemento, o gigante avançado Felipe Avenatti, 1,96 m, uma absoluta alternativa ao género de jogo e avançados de que os 'charruas' dispõem nesta fase final - e que poderá revelar-se bastante útil, ainda que não seja primeira ou segunda opção, antes plano b.
No final ficam as participações,
Austrália - 15, com dois 4º em 91 e 93; Chile - 6, 3º em 2007; Colômbia - 8, 3º em 2003; Croácia - 3,
No final ficam as participações,
Austrália - 15, com dois 4º em 91 e 93; Chile - 6, 3º em 2007; Colômbia - 8, 3º em 2003; Croácia - 3,
oitavos em 1999; Cuba - estreia; Egipto - 8, 3º em 2001; El Salvador - estreia; Inglaterra - 10, 3º em 1993; França - 5, 4º em 2011; Gana - 6, triunfo em 2009; Grécia - estreia; Iraque - 4, quartos-de-final em 1989; Coreia do Sul - 13, 4º em 1983; Mali - 5, 3º em 1999; México - 13, 2º em 1977; Nova Zelândia - 3, nunca passou a fase de grupos; Nigéria - 10, 2º em 89 e 05; Paraguai - 9, 4º em 2001; Portugal - 9, vencedor em 89 e 91; Espanha - 15, título em 1999; Turquia - 3, oitavos em 2005; Uruguai - 11, vice-campeão em 1997; EUA - 13, 4º em 1989; Usbequistão - 3, nunca passaram a fase de grupos.
Sem comentários:
Enviar um comentário